José Cid, a vitalidade criativa no colóquio sobre envelhecimento

José Cid, a vitalidade criativa no colóquio sobre envelhecimento

No colóquio “O envelhecimento no século XXI – Inovar para viver”, o cantor e compositor José Cid foi um dos protagonistas deste evento dando conta, de forma criativa e com uma sageza notável, como é a sua perspetiva sobre a longevidade. Na conferência “Velhos são os trapos”. com moderação do Presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo, o cantor que é percursor do rock em Portugal, falou sobre a sua experiência no mundo da música, da sua vida de estudante em Coimbra e da sua vida atualmente. Respondendo ao repto do moderador que o intitulou como ‘pai do rock português’, José Cid logo explicou que, aos 14 anos, como estudante do Colégio Camões (em Lisboa) iniciou um ‘braço-de-ferro’ com os pais por causa da música, mas, confessou, a ‘coberto da ajuda’ da sua irmã, sempre prosseguiu a sua veia ‘rebelde’. “Apesar de ser um jovem muito rebelde da minha geração, nunca fiz mal a ninguém, a não ser à Censura. Tive 28 canções censuradas, tantas ou mais que o próprio Zeca e Adriano Correia de Oliveira”.

José Cid recordou as suas diatribes enquanto estudante de Direito da Universidade de Coimbra mas confessou aos pais ao fim de quatro anos que não gostava do curso, no qual fez duas disciplinas, arrancando largas gargalhadas aos participantes deste colóquio quando relatou casos práticos que viveu com dois distintos Lentes de Direito. “A minha mãe considerava que eu deveria ser engenheiro ou doutor. Eu respondia-lhe que queria, como projeto de vida, escrever poesia”, disse. “A minha mãe do Ribatejo veio casar com o meu pai a Anadia”, recordando ainda o seu bisavô que fundou as Águas termais da Curia. Estava, pois, dado o mote para uma viagem sobre a sociedade à época, falando da diferença entre as famílias tradicionais e as que já tinham a mundividência de outras latitudes.

De Coimbra (ou melhor, dos responsáveis autárquicos), ao fim de todo o seu inigualável percurso, tem agora a mágoa de não ser reconhecido pela sua capacidade vocal. “Gosto de cantar, de fazer viagens para os sítios, gosto de fazer concertos que o público canta comigo”, asseverou. E se voltar a cantar em Coimbra, realça, “conseguiria cantar sete décadas em Coimbra” sempre “sem fazer playback”. E porque a Coimbra é também uma importante página do livro da sua vida, José Cid assinala o disco “Oda a García Lorca” no qual participam três guitarristas de Coimbra.

Instado sobre o sua longevidade por Mnauel Teixeira Veríssimo e sobre os cuidados que tem, José Cid apontou três qualidades: a boa genética, a prática de desporto ao longo da vida e os cuidados com a alimentação.

Nesta conferência “Velhos são os trapos”, José Cid acentuou, ainda, o impacto da cultura na vida de uma comunidade. “Nós temos uma identidade cultural, cheia de poetas extraordinários, com músicos extraordinários”. Por fim, e em síntese, o presidente da SRCOM, agradecendo a presença do músico, enalteceu ser “um excelente exemplo do que é o envelhecimento artístico, que, afinal, não envelheceu; e o envelhecimento físico e mental, que não se nota”. Já na reta final da conferência, José Cid deixou vários conselhos para todos: “É preciso andar a pé, não fumar, não beber álcool em demasia, e à noite comer uma sopa de legumes (cuidado que a fruta tem muito açucar)”. Agradeceu, ainda, ao seu médico otorrinolaringologista António Paiva que me dá os melhores conselhos para a minha voz”. A culminar a sua intervenção, cantou à capela uma canção dedicada a Coimbra, letra e música de sua autoria: Coimbra, A Lenda da Princesa Mal Amada.

Recorde-se que neste colóquio estiveram várias perspetivas em análise sobre o envelhecimento, com o contributo de inúmeros profissionais de diferentes áreas e saberes foram trazidas para o debate.

José Cid e Manuel Teixeira Veríssimo, na conferência “Velhos são os trapos” do colóquio promovido pelo Fórum Regional do Centro das Ordens Profissionais

Fotos/SRCOM – Paula Carmo

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