Ordem dos Médicos adverte para realidade “dramática” do hospital de Leiria

Ordem dos Médicos adverte para realidade “dramática” do hospital de Leiria

A Ordem dos Médicos esteve esta manhã em Leiria para se inteirar da difícil realidade do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), especialmente do Hospital de Santo André que enfrenta graves constrangimentos em diversas especialidades no Serviço de Urgência designadamente na resposta em Ginecologia/Obstetrícia, Pediatria, Medicina Interna, Cirurgia Geral e na Via Verde Coronária.

O aumento exponencial da área de influência do CHL (que abrange 400 mil utentes) e a falta de médicos, cada vez mais premente em áreas cruciais para o serviço de urgência, está a ter um forte impacto negativo quer na prestação de cuidados de saúde à população quer nas condições de trabalho das equipas médicas.

Nesta unidade hospitalar e após reunião com o Conselho de Administração e com médicos da instituição, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, e o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Manuel Teixeira Veríssimo, reuniram com médicos da instituição, estando também o Diretor Clínico do CHL, Salvato Feijó.

“Temos um problema agudo, que agora enfrentamos na resposta às urgências devido às 150 horas extra; e temos um problema crónico, no que concerne à reforma de todo o sistema de saúde”, referiu o presidente da SRCOM. Para Manuel Teixeira Veríssimo urge “retirar doentes não urgentes da urgência e, por outro lado e não menos importante, “estimular as carreiras médicas”. Afirmou ainda: “Em 44 anos, o Serviço Nacional de Saúde não teve uma adaptação à realidade, os hospitais mantiveram o mesmo modelo de organização”. Na sua opinião, e porque o País enfrentará eleições legislativas brevemente, “faria sentido suspender as reformas em curso”, acrescentando que não há sistema global de saúde sem médicos. Razão pela qual afirmou: “Os médicos têm de ser mais vezes chamados” a planear as necessárias reformas, inclusivamente no Serviço Nacional de Saúde.

Face às dificuldades gritantes no hospital de Leiria e perante o relato efetuado pelos médicos de inúmeras especialidades (para além das já elencadas, a que se juntaram também Medicina Intensiva, Ortopedia, Psiquiatria), o bastonário da Ordem dos Médicos, em declarações aos jornalistas, foi contundente na crítica à tutela: “Estamos perante um ato de negligência política”.

Carlos Cortes lembrou as circunstâncias ainda mais complexas que podem advir com o inverno e as doenças associadas a este tempo de baixas temperaturas, advertindo que sem capacidade para reter especialistas, o hospital de Leiria enfrenta uma realidade “dramática”. Neste enquadramento de penúria de recursos humanos médicos, o caso da Medicina Interna é, a seu ver, paradigmático. “O Ministério da Saúde está em funções, as doenças não estão adiadas até março”, alertou Carlos Cortes.

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