Desafios e reflexões: a evolução e complexidade da medicina moderna

Desafios e reflexões: a evolução e complexidade da medicina moderna

Transcrevemos, na íntegra, a Conferência realizada no dia 8 de dezembro de 2023 no Teatro Municipal da Covilhã, proferida pelo Professor Salvador Massano Cardoso

Intróito

Antes de dar início à minha conferência, queria, naturalmente, prestar um breve esclarecimento de natureza histórica a propósito do curso de medicina na Universidade da Beira Interior.

Não me recordo concretamente da data de uma reunião na Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos. Fazia parte do órgão executivo. O Senhor Professor Doutor Manuel Santos Silva manifestou a intenção de criar na UBI um curso de medicina. Recordo o espanto e admiração por tamanho, digamos, “desaforo”. Senti, de imediato, anticorpos contra a pretensão, vindos da classe médica e académica. Reações mais do que previsíveis. Sorri em silêncio. No final da reunião veio ter comigo. Sabia quem era, talvez por portas travessas e amizades comuns. Disse-me:  – Professor Massano. Conto consigo para este projeto. Devido ao meu caráter emocional, não pensei um segundo.

Respondi: – Claro que sim. A ideia é positiva e muito importante para o país. Depois foi uma luta muito intensa. Comecei a colaborar no projeto com prazer e dedicação.

É mais do que justo realçar que só com a personalidade e capacidade de luta de Manuel Santos Silva foi possível dar vida a tão belo e importante curso.

Honra a Santos Silva.

Introdução 

Confesso que tive algumas dificuldades em selecionar um ou mais temas para serem abordados nesta importante cerimónia de “Juramento de Hipócrates” e, simultaneamente, comemoração dos vinte e cinco anos do curso de medicina da UBI.

Vou começar por citar, um dos mais brilhantes poetas ingleses do século vinte, se não mesmo o maior, W. H. Auden. Este autor escreveu nas páginas do seu livro, “Um certo mundo”, ao que eu saiba nunca traduzido para a nossa língua, um verbete sobre medicina. O pai, que era médico, citou-lhe um dia um aforismo do célebre médico canadiano, Sir William Osler, também reconhecido como o pai da medicina moderna, “O médico deve cuidar mais do doente do que as características especiais da sua doença”. Em seguida, diz que tal como qualquer um que lide com seres humanos, não pode ser um cientista (estranha afirmação de facto!), é como o cirurgião, um artesão ou como o médico e psicólogo, um artista. É estranha a afirmação de que um médico não pode ser um cientista? Claro que é. Presumo que Auden pretendia reforçar a ideia de que o médico é aquele que tem que ouvir, tem que falar e dialogar com os doentes ou pacientes.

Não podemos esquecer que na época de ouro do nascimento da medicina moderna, ocorrida a partir de meados do século dezanove, os clínicos tinham pouco para oferecer aos seus doentes. Os cirurgiões, curiosamente, eram mais eficazes, mesmo antes do advento da assepsia de Lister e da anestesia.

Os clínicos disponham de um limitadíssimo arsenal terapêutico, mas, em contrapartida, sabiam ouvir, consolar e acompanhavam os doentes. É curioso poder afirmar que foi assim que os médicos adquiriram o estatuto de semideuses e a medicina se alcandorou ao mais alto nível das ciências humanas, ouvir e falar. Algo que falta muito nos nossos dias.

Evolução da medicina 

A medicina surpreende-nos cada dia que passa. O desenvolvimento e a inovação tecnológica são notáveis, abrindo perspetivas jamais pensadas, mesmo há poucos anos. Técnicas de exploração imagiológica capazes de mostrar o funcionamento dos tecidos, diversos tipos de implantes, próteses cada vez mais sofisticadas, cirurgias menos “cirúrgicas”, “regeneração de tecidos”, entre muitos outros, não falando das potencialidades nanotecnológicas, e da emergência do futuro homem biónico, obrigam-nos a refletir sobre o princípio do transumanismo. O homem não se preocupa apenas em melhorar as suas capacidades graças às novas tecnologias, procura algo mais profundo, a imortalidade. Mas a sua procura pode esbarrar em alguns problemas também traduzidos no mito de Titonus. A procura da fonte da longevidade ou o elixir da vida é uma obsessão a que não é alheio o medo da morte. O homem procura um lugar próprio dos deuses. Não sei se valerá a pena ser imortal. Deve ser muito cansativo. Recordo a entrevista que Manuel de Oliveira deu aquando do seu centésimo aniversário. À pergunta do jornalista, “O que é ter 100 anos”, o cineasta, ainda em atividade, parou a conversa durante um curto momento. Via-se nitidamente que estava a pensar na resposta. Respirou fundo e disse: – Viver muito, cansa!  Importa salientar, a propósito do desejo de imortalidade, que esta sem juventude não deve ser muito agradável, que o diga Titonus que ao apaixonar-se pela deusa Eos (Aurora) fez com que esta a pedisse ao todo-poderoso Zeus para o seu amado. Zeus, que não gostava muito que as suas deusas se apaixonassem pelos mortais, satisfez-lhe o desejo. Assim, Titonus alcançou a imortalidade, mas envelheceu tanto que ficou demente e como não havia maneira de morrer, Aurora, sentindo pena do seu amado, transformou-o numa cigarra, símbolo da imortalidade.

As novas técnicas, que são cada vez mais diversificadas, não deixam de levantar numerosos problemas éticos. Para evitar maus usos ou descalabros, suscetíveis de pôr em causa a dignidade humana, os responsáveis têm a obrigação de definir quais as regras a seguir. Claro que nestes aspetos há sempre os que fazem a sua própria interpretação, sem que isso possa ser considerado como um “desvio” às normas. No final prevalece as opiniões da “maioria”. De facto, mesmo em assuntos delicados, existe uma “ética democrática”. Quando se manipula a vida ou se interfere com a sua própria evolução estamos a “mexer” em matérias muito complexas e delicadas que, durante toda a nossa existência, como humanos, era considerada como atributos de forças superiores, divinas. Só que o céu começa a baixar à terra. E, às vezes, o “céu cai mesmo em cima de nós”. A tentativa de conhecer a existência de uma anomalia que comprometa o futuro de uma criança, ou a utilização de “embriões-medicamentos” para salvar a vida de um filho constituem duas das principais medidas enquadradas no diagnóstico pré implantação. Há os que querem ir mais longe, numa verdadeira seleção genética que, sendo condenável, não tem o aval de médicos conscientes. A decisão, desde que tenha enquadramento legal, pertence sempre aos pais. É comum, de acordo com as informações prestadas pelos colegas que se dedicam a estas áreas, a tradicional pergunta: – O que é que o senhor doutor faria se estivesse na nossa posição?

Preparem-se para ouvir esta pergunta ao longo da vossa vida. Sensatamente, os médicos não respondem, porque não podem, nem devem saber. Claro que quando estão do outro lado têm posições e ambições como qualquer outro. É humano! Os debates sobre estas matérias multiplicam-se e não deixam de ser ricos e esclarecedores, mas o que é problemático é considerar a doença como sinónimo de “terrorismo” ou como algo evitável e que deveria ser combatida a qualquer preço, justificando algumas opções. Os que consideram a doença como sinónimo de “terror” baseiam-se no facto de muitos de nós, quando adoecemos, ficarmos aterrorizados, sobretudo se estamos perante uma doença grave. Mas não devemos aceitar esta posição. A razão é muito simples e baseia-se na afirmação de um investigador que em tempos afirmou: “A doença é mais antiga do que o homem, é tão antiga como a própria vida, porque é um atributo da vida”.  De facto, a evolução da vida teve de ser feita à custa de compromissos que, curiosamente, estão na base de muitas doenças, inclusive o próprio cancro.  

Devemos lutar contra as doenças? Claro que sim. Devemos fazer todos os possíveis para a prevenir? Com certeza! Seremos capazes de as eliminar? Provavelmente, não. Quando tal acontecer, se é que isso irá algum dia acontecer, deixaremos de ser humanos e passaremos a ser transumanos ou qualquer coisa semelhante.  Afinal de contas a doença é uma inevitabilidade e temos de viver com ela, porque é, paradoxalmente, essência da própria vida. Mas daí a considerá-la como terrorismo vai um grande passo.  

Certas afirmações curiosas obrigam-nos a reflexões profundas. Qual o significado da frase proferida por um anti darwinista convicto, que li e ouvi, o cientista António de Lima-de-Faria, segundo o qual, “Não está cientificamente provado que uma pessoa tenha de morrer”. Somos potencialmente imortais? Poderemos utilizar todas as técnicas possíveis e imaginárias a ponto de substituirmos tudo ficando só com a essência da consciência? Há quem profetize a união do ser humano e da máquina, originando uma singularidade em que a nossa inteligência se tornará não biológica e triliões de vezes mais poderosa do que é atualmente! Caminhamos a passos largos para esse momento? Pelo que vejo, parece que sim. Resta saber se essa superinteligência servirá para alguma coisa.  

A nanotecnologia permitirá, no futuro, criar qualquer produto, usando informação sem custos e, por fim, a morte transformar-se-á num produto resolúvel. Nem mais. Futurologia pura? Talvez, mas tem os seus seguidores e cultivadores. Resta saber se o tempo disponível para alcançar ou produzir uma nova espécie é suficiente face aos riscos planetários que corremos.

“Em alternativa, a sobrevivência dos seres humanos depende da capacidade em encontrar novos lares, algures no Universo, devido aos riscos de desastres que poderão destruir a Terra”. Esta afirmação foi feita pelo reputado cientista Stephen Hawking, há alguns anos em Hong Kong. Mesmo que os futurologistas sejam uns exagerados, o que é certo é que o desejo de viver mais, com saúde e sem envelhecer está bem patenteado no nosso dia a dia, embora longe do sonho humano.

Atualidade 

Hoje em dia, a forma e facilidade com que são noticiadas as descobertas e as conquistas na área da saúde levam muitas pessoas a criar as suas próprias expectativas que, depois, em contexto prático, não conseguem compreender alguns “insucessos” das nossas atividades clínicas. Daí ser uma, entre outras, fonte de conflitos. Há que ter em atenção a estes comportamentos de modo a evitar situações desagradáveis. Os médicos estão constantemente a ser julgados, havendo um hiato muito grande entre o que realmente podem fazer, e fazem, e o que as pessoas julgam que são capazes de realizar. Ser médico nos dias de hoje é muito complexo, difícil e por vezes chega a ser penoso. Um paradoxo, mais um a juntar a tantos outros. Quando não tínhamos nada, ou praticamente nada, para aliviar o sofrimento do próximo, sabíamos ouvir, e usávamos o poder da palavra. Nessa altura éramos semideuses. Agora que temos à nossa disposição tantos e tantos meios de intervenção, somos, com alguma frequência, objeto de má compreensão ou até mais do que isso.  

Normalidade 

Não sou especialista na área da normalidade, haverá quem domine melhor este conceito. De qualquer modo, importa esclarecer que em medicina é um fenómeno complexo. Poderia basicamente transmitir um conceito que mostra a dificuldade e a variação deste conceito. Se me perguntarem onde fica o ponto que separa a saúde da doença poderei dizer: algures numa semirreta que começa no infinito e termina num ponto extraordinariamente preciso que é a morte. A saúde absoluta deve estar naquelas paragens definida pelo belo símbolo do infinito, revelando automaticamente que ninguém sabe o que é a verdadeira saúde. E ponho as minhas dúvidas se haverá alguém que preencha cabalmente este conceito. O que existe são pessoas com mais ou menos saúde, com mais ou menos doenças, com mais ou menos problemas que correm a toda a hora e instante nessa linha imaginária. De qualquer modo, torna-se imperioso, para efeitos de classificação, de intervenção e prevenção saber o ponto a partir do qual uma pessoa é classificada “oficialmente” como doente. Num dia esse ponto de corte pode deslocar-se para a esquerda, noutro para a direita e às vezes aproxima-se perigosamente do ponto final, o denominador comum a todos os seres humanos, a morte. E agora? Agora temos de definir o tal ponto de corte que faça a distinção entre a saúde e a doença. Se houver interesse em definir o ponto de corte como doença, deslocando-o para o lado esquerdo, o que é que pode acontecer? Aumenta substancialmente o número de pessoas consideradas como doentes. Se são doentes, o que é que têm de fazer? Tratar-se. E há tratamentos? Claro que há. Há vantagens? Sempre. Há sempre vantagens, matematicamente quantificáveis quando se joga com grandes números. Quem é que tem dúvidas? Se Arquimedes disse um dia, deem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo, então, também posso afirmar, deem-me uma amostra suficientemente gigantesca e eu encontro a diferença desejada, estatisticamente significativa.  

Construção de doenças 

Entreabro novamente a porta para permitir o vislumbrar da construção de “doentes”, ou de pessoas que correm risco de adoecer. Estas pessoas são tratáveis? Claro que são. Para quê? Para prevenir doenças no futuro, dizem os entendidos. E valerá a pena? É discutível, muito discutível, mas joga-se sempre com a angústia, a “ciência” e os interesses económicos.

Construir uma doença não é tarefa fácil, é dar-lhe personalidade, uma face, e torná-la num alvo para a combater e prevenir. Muitas doenças foram construídas desde então. Mas há sempre um senão. Será que estão a ser corretas as construções de muitas doenças que afligem a humanidade? Tenho dúvidas, assim como a generalização de algumas de forma a atingir um vastíssimo número de pessoas. Talvez seja por isso que hoje em dia vemos um movimento interessante em curso que é a “desconstrução das doenças”. Dentro destas destaco as doenças do foro mental. Aumentou de forma assustadora o seu diagnóstico. Resta saber se corresponde à verdade ou se é um artificialismo. Estou convicto de que os chamados fatores externos, não serão muito diferentes, sobretudo em intensidade, face ao que ocorria no passado. Quanto aos fatores predisponentes, genéticos, creio que não tenha havido qualquer mutação à escala planetária. O que aconteceu foi a rotulação de situações que deviam ser consideradas como normais, como é, por exemplo, o caso da tristeza, um estado de alma, natural, normal e, até, mesmo desejável, já que constitui uma das fontes mais importantes de criatividade científica, literária e artística. No entanto, a sociedade transmitiu a noção de que estar triste é igual a depressão. Como ninguém gosta de estar triste, procura uma solução, quase sempre farmacológica. A indústria farmacêutica é rica e interesseira nesta área onde se consomem drogas cada vez mais poderosas para modificar o comportamento mental. São poderosas, eficientes e muitas vezes chegam a provocar graves dependências. A tal ponto que causam mal-estar e perturbações difíceis de solucionar exigindo a tomada permanente desses produtos.   

Iatrogenia

A iatrogenia atingiu o seu reinado com as drogas psicotrópicas. Ivan Illich escreveu em

1977 um notável ensaio sobre os “Limites da Medicina – Nemésis: a Expropriação da Saúde”, em que a medicina se tornou numa das maiores ameaças à saúde, a ponto de hoje de existir um quarto nível de prevenção, a prevenção quaternária, para impedir os efeitos negativos na saúde da própria medicina. Uma realidade assustadora. Estes conceitos não se aplicam apenas às doenças, ou pretensas doenças do foro mental, mas também a muitas outras, nomeadamente fatores de risco que estão na génese das doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no ocidente desenvolvido. O colesterol elevado é paradigmático e de ano para ano cresce o número de pessoas que estão a fazer prevenção dita primária tomando fármacos ativos para a redução. Não se questiona o fator de risco que o colesterol apresenta, sobretudo a partir de certos valores. O que é mais grave é a redução sucessiva do ponto de corte. Cada pequena descida do limite de normalidade significa um aumento brutal do número de pessoas classificadas como estando em risco, necessitando ou aproveitando os recursos farmacêuticos existentes. Tudo isto sem contar com alguns efeitos secundários que não são despiciendos. A divulgação dos estudos, dos conceitos de prevenção e até da publicidade, que é permitida nalguns países, permitem ter uma ideia precisa da mecânica em jogo.  

Medicalização da sociedade

Afinal, o que é que está em causa em todo este processo? Penso que é fácil de entender.  

Acabei de dar o mote que permite definir um dos mais interessantes fenómenos da atualidade, a medicalização da sociedade. Parti propositadamente de dentro, isto é, a partir da própria medicina, mostrando, através de alguns exemplos como é que as coisas se passam. A depressão de muitos não é mais do que a tristeza, “um estado de alma”, como demonstrou Raimundo Uno no longínquo século onze. Algo natural e até desejável. Ao tratá-la podemos estar em pôr causa, inclusive, os atributos criativos de muitos. Esta última frase constitui uma das minhas preocupações.  

Falei da hipercolesterolemia, mas podia desmistificar alguns dos conceitos em redor do excesso de peso que, afinal, não é tão mau como se pensava, até pode ser útil. Podia falar das vitaminas e dos suplementos alimentares que, afinal, não servem para grande coisa, a não ser para encurtar a vida. Algo paradoxal quando o que se pretendia era o oposto e por esse motivo é que se vendia. Podia falar de fenómenos fisiológicos, naturais e a sua transformação em “doenças” como é o caso da menopausa. Enfim, tudo serve para criar no espírito das pessoas, que elas estão doentes, logo, necessitam de ser tratadas e que é útil prevenir certas doenças através de muitas substâncias, quando, na prática as coisas não são assim tão lineares e muito menos simples.  É raro não encontrar nas coisas mais comezinhas a invocação da proteção da saúde. Se fosse analisada convenientemente este aspecto, numa parte significativa dos atos publicitários, verificaríamos que é uma constante. Basta estar atento: iogurtes, colchões, panelas, cremes, pomadas, sapatos, roupas, maquinaria diversa para o exercício físico, corridas e corridinhos, ginásios e quejandos, pasta de dentes, práticas alternativas mais do que discutíveis, dogmas nutricionistas, muitas vezes a fazer lembrar a criação de novas religiões, em que o divino ou algo que se pareça é substituído pela saúde, constituem uma praga dos tempos modernos. Enfim, tudo gira em redor do maior bem e da maior preocupação de qualquer ser humano, quer viva em Portugal, na Patagónia ou em qualquer aldeia perdida da África Central, a saúde.   No que toca à medicina propriamente dita, muito haveria a dizer. De qualquer modo, também tem sido responsável por uma excessiva medicalização da sociedade ao considerar como doenças situações que não deveriam ser classificadas como tal e prescrevendo excessivamente. Bastaria enunciar os períodos de vitaminização da sociedade com o objetivo de ajudar a prevenir doenças e aumentar a esperança de vida. Um disparate tremendo que foi inconsequente. Um dos muitos paradoxos que ocorrem periodicamente na área da medicina.  

Prevenção quaternária 

Agora estamos a entrar numa nova era a da prevenção quaternária destinada a evitar a crescente e perigosa iatrogenizaçao, fruto de interesses comerciais e da desculturação de que são alvos os cidadãos que pressionam, depois de terem sido instrumentalizados pelas informações que lhe chegam a toda a hora sem terem a capacidade de filtrá-las e de compreender verdadeiramente.  

É o que acontece quando se é crédulo, a mais interessante característica humana.  No futuro, as características humanas permanecerão inalteradas, serão idênticas às de hoje tais como foram no passado.  

A evolução natural dos seres humanos é muito interessante e se quiser mudar as suas características ou potencialidades terá de ser o próprio a fazê-lo, mas quando isso acontecer sabe-se lá se deixará de ser humano…

Conclusão 

Caros colegas, o vosso futuro vai ser muito atribulado face às novas conquistas tecnológicas e às exigências que a sociedade vai impor. Vão ser confrontados com inúmeras situações difíceis de resolver, porque há que ter em conta velhos princípios que são a essência da nossa profissão. Não podem em circunstância alguma abdicar dos vossos deveres, embora reconheça ser um fardo muito pesado o futuro dos médicos. Mesmo assim há algo de belo, de criativo e de realização na nossa profissão, ajudar os que sofrem e evitar que muitos possam sofrer.  

Que ninguém duvide, a felicidade do próximo depende imenso da sabedoria, humanidade e empenho dos médicos.

Muitas felicidades e muita saúde, são os meus votos. E não se esqueçam! Cuidem bem do vosso bem-estar.

Prof. Doutor Massano Cardoso

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