“Ao assumirem o Juramento de Hipócrates comprometem-se com uma missão grandiosa e eticamente vitalícia”

“Ao assumirem o Juramento de Hipócrates comprometem-se com uma missão grandiosa e eticamente vitalícia”

São “a âncora da esperança”, “eternos aprendizes na vastidão do desconhecido que é o Ser humano”. Palavras do professor de Medicina e presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos dirigindo-se aos jovens médicos que, hoje de manhã, prestaram o Juramento de Hipócrates, em Coimbra.

Foi com enorme emoção que mais de 250 jurandos receberam hoje a cédula profissional da Ordem dos Médicos e um livro produzido especialmente para esta ocasião. O Grande Auditório do Convento de São Francisco foi o palco de muita alegria e júbilo de colegas, amigos e familiares.

O anfitrião desta sessão solene, Manuel Teixeira Veríssimo, colocou o acento tónico na importância deste texto com origem milenar. Disse o presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos: “O Juramento de Hipócrates, embora seja uma prática antiga, ainda continua a representar hoje um marco ético importante para a profissão médica, funcionando como um constante lembrete dos valores fundamentais que devem orientar a prática médica e a relação médico-doente”.

E norteando a sua intervenção nesta toada humanista destacou: “Mais do que palavras, este juramento é um contrato moral com promessa inabalável de dedicação aos doentes, independentemente da idade, doença, deficiência, religião, etnia, género, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual ou status social”. Disse ainda que, “como médicos, deveremos ser também educadores, confidentes, orientadores, e, por vezes, a âncora da esperança para quem sofre”

A cientista e investigadora Catarina Resende de Oliveira, a quem coube a Oração de Sapiência desta cerimónia solene, lembrou aos jovens médicos que deverão “ter, como primeira preocupação, o compromisso com a saúde e o bem-estar dos vossos doentes, respeitando a sua autonomia e dignidade”. A professora Catedrática jubilada de Medicina da Universidade de Coimbra, realçou a importância também deste momento coletivo em que se expressa “o respeito pelos vossos mestres, colegas e alunos, comprometendo-se à partilha de conhecimento e simultaneamente a cuidar da vossa saúde e bem-estar, condições fundamentais para a prestação de cuidados de saúde ao doente”. Em seguida, fez um “um breve enquadramento” no qual estes jovens médicos vão iniciar a sua missão, quer quanto aos desafios do Serviço Nacional de Saúde, quer no que concerne ao envelhecimento da população e mudança de paradigma da doença, quer quanto “à exigência de uma Medicina mais precisa e mais personalizada”. Assumiu: “O aumento da longevidade que, por si só, é uma conquista, determina um conjunto de problemas novos que impõem um conjunto de respostas inovadoras, criativas, ágeis e, sobretudo, multidisciplinares”. Ao lembrar que Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo leva-o, assim, a enfrentar “alterações demográficas que se repercutem na saúde a vários níveis”, colocando desafios, pois, “à sustentabilidade” dos sistemas de saúde e de apoio social. É também neste contexto que a neurocientista destaca a importância dos Centros Académicos Clínicos (que englobam as universidade, os centros de investigação, e os hospitais e restantes unidades de saúde) criando “um ambiente ideal para a formação contínua e a realidade de investigação clínica”.

Carlos Cortes, seu aluno e agora Bastonário da Ordem dos Médicos, agradeceu a intervenção da Professora Catarina Oliveira e em seguida também um sentido reconhecimento e homenagem a quem, nos momentos de felicidade, de dificuldade e de sofrimento nunca desamparou estes jovens: as famílias! De pronto, no vasto auditório irromperam sentidas e fortes aplausos. Sem querer desviar a atenção deste momento – mas lembrando a semana intensa que os jurandos tiveram com a Prova Nacional de Acesso – o Bastonário da Ordem dos Médicos, assinalou a importância deste momento de Juramento. Dirigindo-se aos jovens, realçou: “Verdadeiramente, só serão médicos depois de cumprirem o vosso juramento”, acrescentado que “esta é a cerimónia mais importante da Ordem dos Médicos” e cujo simbolismo “vai traçar o caminho até ao final da vossa vida”. E lembrou ainda a “relação médico-doente”. 

 “Vocês não são os futuros médicos deste país. Vocês são os médicos de hoje!”. Mas Carlos Cortes, bastonário, frisou ainda a necessária e imperiosa relação com a Ordem dos Médicos, “a defensora dos médicos na justa medida em que estes defendem a qualidade da Medicina”. Por fim, lido o juramento em uníssono, Carlos Cortes disse: “Colegas, bem-vindos à profissão médica!”. 

A cerimónia solene teve início com a magnífica atuação do Coro da Ordem dos Médicos do Centro, atualmente com a direção artística do maestro Paulo Bernardino. A condução da cerimónia, e a respetiva apresentação, esteve a cargo da médica de família Liliana Constantino, do gabinete de organização e promoção de atividades da SRCOM.

Parabéns a todos e a todas!

# Breve nota curricular da Professora Doutora Catarina Resende de Oliveira

Licenciada em Medicina, com doutoramento em Neurologia, foi professora catedrática e regente de Bioquímica, até à sua jubilação. Presidiu ao Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e ao Conselho Científico das Ciências da Vida e da Saúde da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública.
Entre muitas outras distinções e títulos, a Professora Catarina Resende de Oliveira alcançou o prémio “Estímulo à Excelência” (que lhe foi atribuído em 2006 pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia), o prémio “Nunes Correa Verdades de Faria” na área do envelhecimento (em 2008, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa), a Ordem da Instrução Pública – Grande Oficial (em 2015, pelo então Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva), a Medalha de Ouro da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e, pelos contributos no âmbito das neurociências, a Medalha de Serviços Distintos grau ‘ouro’ do Ministério da Saúde
(ambas atribuídas em 2016).

Em 2019, Catarina Resende de Oliveira foi galardoada com o prémio Personalidade do Ano na 8.ª edição dos Prémios Saúde Sustentável, que visa distinguir o que de melhor se faz na área da saúde em Portugal e que conta com o alto patrocínio do Presidente da República.
Foi responsável pela direção da Unidade de Inovação e Desenvolvimento do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Foi presidente da Mesa da Assembleia da Secção Regional do Centro, eleita para o triénio 2011-2013.
É vastíssimo o seu percurso e a sua carreira!

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