“Temos de aprender com a pandemia” Covid-19

“Temos de aprender com a pandemia” Covid-19

A pandemia de Covid-19 terminou no dia 5 de maio 2023, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No entanto, há ainda muito para conhecer e aprofundar sobre esta doença. Em Coimbra, sob o mote “Saúde no Pós-Covid”, vários especialistas ibéricos estiveram reunidos no âmbito do ciclo de conferências da Associação Portuguesa de Seguradoras subordinado ao tema genérico “os seguros num mundo em transformação”.

Antes do debate moderado pelo jornalista da RTP Luís Castro, Filipe Froes, médico pneumologista e intensivista, foi um dos oradores e alertou para o covid longo ou à fase pós-covid que, assumiu, “infelizmente está a afetar um conjunto de pessoas a nível global e Portugal não foge à regra”. O ex-coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos chamou a atenção para a necessidade de retirar ilações desta pandemia. “Vamos ter mais pandemias”, lembrou, acrescentando que não há pandemia sem excesso de mortalidade. “Portugal teve um excesso de mortalidade, em média, de 8 por cento. A grande maioria foi por COVID-19”. E questiona, em jeito retórico: “Quem foram os melhores países em termos de excesso de mortalidade? Foi a Nova Zelândia, Dinamarca,  Taiwan, Noruega e Malta”. Para o médico é preciso ter em atenção de que o covid não foi embora e que “continua a matar pessoas”, reforçando alguns indicadores resultantes de um plano adequado de vacinação.

Para o também ex-membro da Task Force para a pandemia de SARS-CoV-2 da DGS, deveremos estar atentos “para um conjunto enorme de doenças que vão aparecer depois da SARS-CoV-2” como a doença mental. “Há mais pessoas com diabetes depois da Covid. Há mais pessoas com doenças autoimunes depois da Covid.”. Acrescenta: “Um dos órgãos mais atingidos é o coração e temos de nos preparar para a onda pandemónica que vem aí de patologia cardíaca”. Advoga, por isso, a existência de um programa nacional com o nome COVID com centros de referência da condição pós-covid.

Depois das intervenções de Ana Luísa Villanueva (Diretora Médica da Vida, Salud y Accidentes da MAFRE RE), Maria do Carmo Cachulo (presidente da Delegação Centro da Fundação Portuguesa de Cardiologia) e Paulo Cortes (Coordenadfor do Centro de Oncologia do Hospital Lusíadas Lisboa), o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos voltou a reforçar que a covid-19 ainda não acabou e as consequências mantém-se. “O vírus ataca em todos os tecidos, em todos os órgãos. Por isso, as manifestações clínicas podem aparecer em vários locais e não sabemos a longo prazo o que a doença ainda nos vai trazer, poderá ser facilitar de um cancro.”, assumiu Manuel Teixeira Veríssimo.

“Sabemos que foram afetadas as pessoas com doenças crónicas  – doença coronária, diabetes, entre outras – e, por outro lado, durante a pandemia, essas doenças não foram devidamente controladas”, somando ainda a outro problema “a falta de prevenção”.  A seu ver, há que destacar a “resposta cabal do Serviço Nacional de Saúde, que perante uma situação de grande stress e de algo que ninguém conhecia, conseguiu responder e mostrou que é um bom sistema de saúde assim ele seja reformado adequadamente “. Tal como disse Filipe Froes, cuja intervenção foi secundada pelo presidente da SRCOM, Manuel Veríssimo afirmou que “temos de aprender com a pandemia”, ressalvando alguns avanços positivos na área da Saúde, desde logo o incremento da digitalização e incremento do teletrabalho e da telemedicina. Também importante, a seu ver, “é o facto das companhias de seguros se interessarem por esta área, porque estão também a pensar em prevenção. É sempre mais barato prevenir do que tratar”. Já na fase de debate, Manuel Teixeira Veríssimo defendeu a necessidade de maior “literacia em Saúde para a população em geral”, referindo que este tema é, aliás, parte integrante do seu projeto com o qual se candidatou à SRCOM. “Os cuidados que tivermos vão-nos trazer saúde ao longo da vida e um bom envelhecimento”, disse, em jeito de finalização da sua intervenção.

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Ordem dos Médicos