A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos promoveu, no dia 19 de maio, o Sarau Comemorativo do Dia Mundial do Médico de Família, com o lema “Encurtar Distâncias…Por que não começar hoje?”, prestando tributo a estes profissionais que são um dos pilares dos cuidados de saúde. O sarau de homenagem decorreu no auditório dos Serviços de Ação Social do Instituto Politécnico da Guarda (Rua Soeiro Viegas), a partir das 21h00, com as intervenções de Manuel Teixeira Veríssimo, Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos; João Silva, Presidente da Sub-região da Guarda da Ordem dos Médicos; Gil Correia, Tesoureiro da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
O sarau que assinalou esta importante data contou com as atuações de: Grupo Coral ‘Pedras Vivas’; Grupo de teatro ‘Gambozinos e Peobardos’ e do Grupo musical ‘Sexta – Feira Santa Blues Band’.
Ao usar da palavra no início da sessão, o presidente da Sub-região da Guarda da Ordem dos Médicos, João Silva, começou por referir as inúmeras dificuldades e virtudes do que representa ser médico de família, “seja na saúde, na doença, seja na prevenção da doença ou na procura da doença”. Assume: “somos, muitas vezes, responsáveis pelo utente quando mais ninguém o quer. (…) Temos de pensar na saúde do utente em décadas e não em semanas, pensamos no utente como indivíduo mas também como elemento de uma família integrada numa comunidade e sociedade e com particularidades culturais e características de cada um”. Ao prosseguir no seu discurso, José Silva assegura que perceber o que realmente é e faz o médico de família é sempre difícil “mesmo entre pares”, passando logo a enumerar uma panóplia de tarefas e de desempenho diário. “Temos burocracia em cima de burocracia que nos impede de realmente fazer o que gostamos: acompanhar e dar resposta ao utente”. A seu ver, “tempo útil é tempo de saúde e estamos numa fase de transição em que o utente sem médico não é de ninguém.” O dirigente da OM da Guarda agradeceu o “esforço nesta procura de descentralização e pela escolha da cidade, onde o ar é mais puro…”.
Na cerimónia, com apresentação das médicas de família Teresa Pascoal e Liliana Constantino , também em representação da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Gil Correia destacou o importante percurso da Medicina Geral e Familiar que, a seu ver, ajudou a construir o Serviço Nacional de Saúde. “O médico de família assegura-se que a pessoa que procura os cuidados se interliga e caminha no seu percurso de saúde.”. Sem esquecer “os tempos de grande incerteza e do risco de reter médicos no SNS e dar médico de família a todos”, Gil Correia enalteceu o papel da SRCOM no apoio “para fazermos um bom trabalho”. “Na APMGF estamos também a construir um novo modelo; há necessidade de médicos de família, há 1.7 milhão de utentes sem médicos de família o que é preocupante. Todos juntos, deveremos conseguir definir e desenhar um modelo melhor para uma Saúde para todos e de qualidade”.
Saúde deve ter em conta a resposta social
Por seu turno, Manuel Teixeira Veríssimo parabenizou a organização deste excelente convívio e agradeceu, de forma muito especial, aos representantes da ordens profissionais e aos do Poder Local ali presentes. “As ordens são as responsáveis pela qualidade que a nossa sociedade dá à população, seja na área da Saúde, na área legal e outras. O papel regulador das ordens é fundamental e insubstituível”. Para os autarcas, o presidente da SRCOM destacou a importância das instituições mais próximas das pessoas. “A da área da saúde não existe isoladamente”, assumiu, “pois as autarquias são muito importantes na parte social”. Focando-se na génese desta efeméride, o responsável da Ordem dos Médicos não teve dúvidas em acentuar que “a Medicina Geral e Familiar é a base do sistema de saúde”. Asseverou: “É nos Cuidados de Saúde Primários que tem de estar centrado o fulcro da Saúde em Portugal e tudo deve girar à sua volta; os hospitais para a doença aguda; os cuidados de saúde domiciliários também da responsabilidade pelos CSP e outro aspeto muito importante: a MGF tem um papel muito importante na prevenção.
“A MGF tem evoluído muito e bem”, disse ainda Manuel Teixeira Veríssimo, acrescentando, no entanto, o grave problema da falta de profissionais em certas zonas do País, designadamente no interior. “Há falta de médicos no SNS mas não há falta de médicos no País. Falta, pois, o SNS saber atrair os médicos”, desde logo, com carreiras atrativas e novos métodos e novos estímulos para a investigação. “O SNS é a defesa de todos nós e o garante da qualidade de Saúde para todos”, na medida em que “a grande maioria da população não tem possibilidade de ir aos estabelecimentos de Saúde privados”.
Refletindo sobre a atualidade, Manuel Teixeira Veríssimo mostrou-se favorável à criação de ULS com a condição de “tornar eficiente” a resposta em cuidados de saúde, sem nunca esquecer os cuidados de saúde domiciliários. “Deverá ser o sistema a ir ter com o utente e não o contrário”, sublinhou.
Neste sarau, com forte componente cultural, estiveram ainda presentes: Hermínia Barbosa, diretora da Escola Superior de Saúde da Guarda; Paulo Sanches, em representação Junta de Freguesia da Guarda; Susana Amaral, em representação da direção Ordem dos Psicólogos; Carlos Sequeira, coordenador da UCC Alta Comunidade; Luísa Cardoso, em representação da Ordem dos Advogados da Guarda; Carlos Pacheco, Presidente da Junta de Freguesia da Vela; Bruno Lino, representante da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução da Guarda.
Momentos emotivos que se viveram no auditório dos Serviços Sociais do Instituto Politécnico da Guarda! Pretendeu-se pois valorizar o trabalho, o desempenho e a dedicação dos médicos de família, prestando tributo a quem presta cuidados de proximidade e cuida de todos, em todas as fases da nossa vida.
A arte
Fotografia, canto e teatro
O Coral Pedras Vivas – grupo que desde 1985, data da sua fundação, tem sido um divulgador de canto polifónico sacro e profano em diversos palcos da Península Ibérica – deu início a este sarau que decorreu na Guarda.
Depois, e após as intervenções oficiais e da revelação das premiados do muito participado concurso de fotografia, foi a vez de mais um momento especial naquela noite, com uma Rábula sobre o Médico de Família e Doente . . . pelo Grupo de Teatro da Vela ‘Gambozinos e Peobardos’, um grupo fundado em abril de 2005 e que conta no seu palmarés no palco com dezenas de criações artísticas eminentemente sobre as gentes e os locais em que se inserem, valorizando a identidade da sua região. Neste sarau, o trabalho dos dois atores teve como mote o elogio aos “heróis” destacando o papel crucial dos médicos de família. “Sem eles, perdemos o confidente, perdemos a prevenção, perdemos o acesso a Meios Complementares de Diagnóstico, perdemos o acesso a referenciação para outras consultas”, dizia um dos atores. E, com base numa crónica ali declamada de António Lobo Antunes, ‘Gambozinos e Peobardos’ terminaram a sua atuação que muito apreciaram (ver texto na página….)
Por fim, foi com o Grupo ‘Sexta Feira Santa Blues Band‘ e a sua vocalista, a médica especialista em Psiquiatra, Carolina Cabaços, que terminou o sarau do Dia Mundial do Médico de Família.