Louvor a todos os médicos de Portugal publicado em Diário da República

Louvor a todos os médicos de Portugal publicado em Diário da República

Louvor n.o 1381/2022

Sumário: Louvor coletivo a todos os médicos de Portugal, 2020-2022.

Em 2020, 2021 e 2022 os médicos a exercer medicina em Portugal tiveram de liderar o combate à pandemia por SARS-CoV-2 e simultaneamente proteger, cuidar e tratar dos seus doentes habituais. Foram três anos em que o papel das médicas e dos médicos foi determinante para evitar uma situação calamitosa na saúde global dos portugueses. Foram anos em que, apesar do aumento significativo da mortalidade, se salvaram muitos milhares de vidas. E o contributo foi global. Envolveu todos os médicos especialistas e internos de saúde pública, de medicina geral e familiar, de medicina hospitalar, de medicina do trabalho, de medicina desportiva, dos cuidados continuados, dos cuidados paliativos, da hospitalização domiciliária, do setor público (SNS), do setor social, do setor privado. Envolveu a vacinação contra a COVID-19 e as múltiplas recomendações gerais e específicas que foram feitas durante estes anos de pandemia. Envolveu os médicos sem especialidade e os estudantes de medicina.

Portugal conseguiu atingir bons indicadores a nível internacional no combate à pandemia. De entre eles, os indicadores relacionados com a vacinação contra a COVID-19 mereceram um destaque especial nas suas várias dimensões. Mas também o acompanhamento e tratamento de todos os doentes com a doença COVID-19, assim como dar um rosto, dar vida aos doentes não covid, recorrendo a todos os meios possíveis para recuperar aquilo que a COVID-19 e algumas más decisões políticas estagnaram. Foi sempre o desígnio de todos os médicos e da Ordem dos Médicos. Não deixar ninguém para trás.

Os médicos honraram o «ser médico». Enalteceram o orgulho e o privilégio de colocar a ciência, a medicina, o humanismo, a solidariedade e a tecnologia ao serviço dos outros. Tantas vezes vimos como a urgência de melhorar a vida dos portugueses colocou em suspenso as suas próprias vidas. Os anos ensinaram-nos, no terreno, que «ser médico» é uma jornada que desafia profundamente limites, ânimos e certezas. As paredes e portas com que cruzaram e as batas que usaram contaram e contarão as histórias dos trilhos onde diariamente encontraram obstáculos e quantas vezes estes pareceram intransponíveis. E se os ultrapassaram é porque encontraram uma família. Com espírito de sacrifício, humanidade e manifesta resiliência. Amizades seladas a suor e lágrimas que os fizeram entrar pelas mesmas portas uma e outra vez. Portas por onde entram perfeitos desconhecidos que, em minutos, os transformam em confidentes, amigos, por vezes a única família. Existem mil formas de dizer obrigado. Nós, médicos, temos a felicidade de conhecer todas elas. Nada os preparou para estes tempos sem precedentes no nosso tempo de vida. A classe médica viu-se como nunca na ordem do dia. Quando reinava a dúvida, pelas casas dos portugueses entravam médicos que mostraram o caminho aos políticos. Os médicos foram, nesta fase particularmente difícil, o apoio primeiro e último das fundações da sociedade civil. Mas os médicos também precisam de médicos. Porque é preciso cuidar de quem cuida. É também necessário que nenhum médico fique para trás. Em consciência, decidiram continuar a missão que escolheram para a vida. Hoje com novos desafios, mas também com novas oportunidades. E ainda que faltem muitas batalhas por travar, é altura de reconhecer publicamente o trabalho resiliente, meritório e ímpar dos médicos de Portugal. Os médicos estiveram e continuam a estar envolvidos num dos maiores esforços nacionais de que há memória: o esforço de continuar a lutar por mais e melhor acesso a cuidados de saúde a todos os portugueses. Apesar de todas as dificuldades e das condições muitas vezes insuficientes em que desempenham a sua profissão, os médicos de Portugal comprovaram o humanismo, solidariedade, altruísmo, competência e excelência que sempre os têm caracterizado e que merecem ser aqui realçados. Sempre orientados por um sentido ético, responsável e até patriótico, não há gratidão suficiente para toda a dedicação que fez e faz Portugal acontecer. É o trabalho de todos os médicos que permite que tenhamos uma Saúde em que os cidadãos (ainda) podem confiar. Os médicos nunca desistirão dos seus doentes, a saúde destes será sempre a sua primeira preocupação.

Por tudo isto, torna-se público o presente louvor coletivo de reconhecimento a todos os médicos de Portugal 2020-2022.

7 de dezembro de 2022. — O Bastonário, José Miguel Ribeiro de Castro Guimarães.

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Ordem dos Médicos