Sofia Quaresma cumpriu o sonho e, feliz, vai enfrentar agora os desafios da profissão que escolheu: ser médica. No final da cerimónia de Juramento de Hipócrates, em Coimbra, a jovem natural da Lousã mostrava já aos 26 anos a certeza de que quer construir as melhores condições de vida para estar a dar o seu melhor aos doentes. “Como o próprio juramento diz, teremos também de tomar conta de nós”, justificou quando instada a explicar as suas opções de vida e a forma como pretende moldar o seu futuro. Cheia de alegria e com ambições de conseguir compatibilizar a sua vida profissional e pessoal, juntou-se a mais de 150 jurandos que deram vida ao evento solene que decorreu no Grande Auditório do Convento de São Francisco, em Coimbra, na tarde do dia 10 de dezembro.
Depois de se executar piano e guitarra dos CORDIS, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos convidou todos os jurandos a assumir formalmente de alma e coração esta missão de ser médico, num vídeo a marcar este dia especial para todos após anos de estudo e dedicação. “É com muito orgulho que vos acolhemos sob compromisso hipocrático”, lia-se no vídeo com ‘assinatura’ dos presidentes do Conselho Regional do Centro, das seis sub-regiões e do bastonário. Missão, coragem, dedicação, entrega foram as palavras que antecederam todas as fotografias dos jurandos, finalizadas com o desejo de muito sucesso para todos!
Coube ao presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, fazer a primeira intervenção, agradecendo de forma particular e a cada um dos representantes da Ordem dos Médicos, ao presidente da Câmara Municipal de Coimbra, representantes da Universidade de Coimbra e das respetivas faculdades, demais entidades de ensino superior, e autoridades policiais. Tal como na Covilhã, Carlos Cortes enalteceu o trabalho dos funcionários “que fazem viver a Ordem dos Médicos” que com ele estiveram a desenvolver ideias e projetos ao longo dos últimos nove anos. Prosseguindo no seu discurso, Carlos Cortes recordou que o dia 10 de dezembro “é um dia especial, o Dia dos Direitos Humanos” consagrado em 1948, cujo texto relembra que todos têm direito à Saúde. Em seu entender, “estes são dois momentos importantes – a cerimónia do juramento que é o momento com a maior carga simbólica da Ordem dos Médicos, e do dia dos Direitos Humanos”.
A coincidência destas duas datas, assume, está relacionada com a “génese da nossa profissão” e, nessa medida, “todos vós serão embaixadores dos Direitos do Homem”. Os médicos, asseverou Carlos Cortes, são “protagonistas da saúde, defendem a medicina contra as más práticas”, e dirigindo-se aos mais novos, acrescentou que “não só terão de salvar vidas e amenizar o sofrimento dos doentes, como terão de defender a verdade da medicina contra quem se quer substituir aos médicos”. O presidente da SRCOM recordou o percurso que os médicos tiveram desde sempre na liderança das decisões que levaram ao progresso e ao desenvolvimento do nosso País, considerações que, aliás, o bastonário recuperou mais adiante nesta cerimónia.
Na Oração de Sapiência, num tom intimista e profundamente sentido, o Professor Catedrático de Medicina, Américo Figueiredo, disse aos jovens médicos: (…) “A partir de agora vão aproximar-se ainda mais do vosso mais prestigiado professor: o Homem doente. Ouçam-no com atenção porque sabe tudo da sua doença. Mantenham os olhos abertos para o incomum e o inesperado (…)”. Lembrou: “Há 45 anos levantava a minha cédula profissional e não poderia ter escolhido uma melhor profissão para a vida”, a “medicina é uma curva ascendente de progresso, conquistas e vitórias sobre a doença e a incapacidade”.
Por seu turno, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lembrou aos mais jovens a necessidade de enfrentar a desorganização dos serviços de saúde e para lutar por melhores condições, desde, “ter tempo para a família crescer, para ler, para ir ao cinema”, bem como “ser excelentes médicos e dar um grande contributo para a evolução da saúde em Portugal, dar um contributo importante à nossa capacidade de inovação e de acompanhar a forte evolução da Medicina. E, graças às novas gerações, e ao seu incansável trabalho, Miguel Guimarães augura um excelente futuro à Medicina portuguesa. E recuperando as palavras de Carlos Cortes, o bastonário lembrou que os médicos “têm o papel de liderança na sociedade, de construir os serviços de saúde, têm o papel multidimensional cujas características os jovens hoje têm”. Por isso, exortou Miguel Guimarães: “a modernização do SNS precisa do vosso contributo e vai estar nas vossas mãos”.
Nesta cerimónia conduzida por Catarina Matias, médica de família e coordenadora do Gabinete de Organização e Promoção de Eventos da SRCOM e que em 2023 assumirá o cargo de secretária-geral da UEMO, foi também interveniente o presidente do Conselho Nacional do Médico Interno, Carlos Mendonça. “Hoje é um dia dos maiores marcos da nossa vida médica, é um dia particularmente especial, um dia com peso e importância histórica que não conseguiremos ignorar”, assumiu. Carlos Mendonça distribuiu, pois, “cinco palavras” para guardar para a posteridade: “formação; desafios; família; pessoas; juramento”.
De recordar que os jurandos receberam a cédula profissional e o livro “A última carruagem“, de João Trambelo, pseudónimo de Carlos Mota Cardoso (médico psiquiatra e professor Catedrático Convidado da Universidade do Porto). Por fim, a coroar esta cerimónia dois momentos distintos: a captação das fotografias que deram o mote festivo para este dia especial de Juramento de Hipócrates e um vídeo, em jeito de surpresa, com um resumo muito sucinto da atividade da SRCOM nos últimos nove anos sempre com a mesma visão e os mesmos valores fazendo a História da SRCOM, convidando os mais jovens ao envolvimento na vida da Ordem dos Médicos. Catarina Matias justificou: “Este é um dos primeiros dias para muita gente e de últimas vezes para outros”. As palmas irromperam efusivamente no final do vídeo!
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