Coimbra: Homenagem aos médicos com 25 e 50 anos de inscrição na OM

Coimbra: Homenagem aos médicos com 25 e 50 anos de inscrição na OM

O Dia do Médico, que se comemora a 18 de junho, foi assinalado em Coimbra com uma homenagem aos médicos com 50 e 25 anos de inscrição na Ordem, numa cerimónia que teve lugar no Colégio da Trindade. Uma cerimónia emotiva, cheia de alegria e marcadamente importante para continuar a fortalecer os laços de amizade entre todos os colegas.

Esta cerimónia, sempre com tanto significado na vida dos homenageados, teve início formal com a intervenção do presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos. Carlos Cortes – que nestes anos tão desafiantes, tem sido um defensor incansável dos colegas, da excelência da Saúde e da prestação dos melhores cuidados para os doentes – fez um discurso onde expressou, em primeiro lugar, o orgulho e a gratidão a todos aqueles que diariamente “honram a missão”. “É um privilégio representar esta nobre missão e vos ter representado durante estes anos”, referiu, neste que é o seu último ano como presidente da Secção Regional do Centro. “É para mim uma grande emoção estar aqui e voltar a reencontrar várias pessoas. Esta é uma das duas cerimónias mais importantes, a primeira, numa fase em que somos mais novos com o Juramento de Hipócrates e, a segunda, este momento de homenagem», disse.

“Quando penso neste legado que nos deixam os nossos colegas que se inscreveram há 50 anos [1972], sinto-me ainda mais honrado. É preciso não esquecer o momento que eles atravessaram e entretanto muita coisa mudou no nosso País, passámos a ter uma Democracia, passámos a ter a construção, a germinação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ainda hoje um fator muito importante de coesão nacional”. A propósito do local desta cerimónia – igreja do Colégio da Trindade – pertença da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, lembrou António Arnaut, jurisconsulto a quem é atribuída a génese do SNS. “Mas o Dr. António Arnaut, com grande seriedade e transparência, dizia-me várias vezes que quem teve a ideia de criar o SNS foram os médicos. Foram vocês, os médicos, que o edificaram”. Carlos Cortes lembrou ainda os médicos que saíram para a periferia do nosso País, onde em muitos locais nunca alguém tinha tido cuidados de saúde. Muitos anos volvidos e reportando-se à crise sanitária de dimensão mundial, Carlos Cortes enfatiza o exemplo que nos deram os médicos, lembrando até as imagens que nos chegavam de Itália, de Espanha. “Mesmo perante o medo, mesmo perante as incertezas trazidas por esta doença (SARS-CoV-2), nós estivemos todos na linha da frente”. Recorda: “Recebi várias fotografias de colegas nossos, não havia equipamentos de proteção individual, que colocavam sacos plásticos nos pés atados com cordas e que não foram a casa com medo de levar a morte para junto das suas famílias”. “Nós não temos medo quando se trata dos nossos doentes mesmo quando se trata da nossa segurança”, sublinhou.

Carlos Cortes não esqueceu ainda o momento “particularmente difícil” e teceu duras críticas ao governo face às notícias mais recentes de várias urgências com falta de profissionais de saúde. Contou que se sentiu “ofendido quando a ministra da Saúde sugeriu que as falhas das urgências era por culpa dos médicos que tinham tirado férias. Só alguém com total desconhecimento da pasta que tutela diz algo” desta natureza.
Apesar desta ser uma cerimónia dirigida para aqueles que já completam 50 e 25 anos de inscrição na Ordem dos Médicos, “o futuro e os futuros profissionais” também estiveram assistir a este momento e fizeram também intervenções nesta efeméride.

O presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra, Guilherme Lindeza, aluno de Medicina do 4º ano agradeceu aos seus mestres por terem escolhido “esta arte” e refletiu sucintamente sobre a importância de ser médico e das particularidades do dia-a-dia de ser médico. “É uma honra poder estar aqui presente”, assumiu, dirigindo-se aos homenageados, “e que a carreira médica vos leve sempre mais longe”.
Para Sara Cruz, presidente do Núcleo de estudantes de Medicina da Universidade Beira Interior, “a bata parece leve mas é muito pesada”, uma vez que “desde muito cedo” começou “a perceber o peso que a bata tem, logo no meu primeiro ano de medicina”. E rematou com um exemplo emotivo: “Quando eu regressava a casa para visitar a minha família, todas as semanas o meu avô, que devido à sua doença, redescobria que a sua neta tinha entrado em medicina e emocionava-se”. Também em representação do presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, Francisco Pego, a jovem estudante Margarida Leão parabenizou todos os homenageados em prol da saúde da população portuguesa.

Como orador convidado, o Professor José Manuel Silva, presidente da Câmara Municipal de Coimbra e ex-bastonário da Ordem dos Médicos, fez questão de referir que os médicos são “mais seres humanos do que super-heróis”, alertando ainda para a necessidade de alguns órgãos políticos precisarem de ter determinadas características:
“Certos políticos deviam ter mais resiliência e a capacidade da tomada de decisões rápidas”, uma vez que “para se dirigir a Saúde é preciso sentir os problemas das pessoas e conhecer e ter a sensibilidade de um médico e não apenas conhecimentos de administração”. Considerou: “Os médicos são o baluarte da qualidade da Saúde e nós precisamos de mais médicos na política”.

A cerimónia, apresentada pela médica de família Liliana Constantino (membro do Gabinete de Apoio ao Médico da SRCOM), culminou com a atuação de Fado ao Centro. Foi um evento particularmente emotivo para enaltecer e reconhecer o esforço, a dedicação e a capacidade de entrega dos médicos que têm demonstrado uma total abnegação em todos os momentos marcantes do nosso País. “A Ordem dos Médicos quer agradecer-vos todo o contributo que têm dado à Medicina e à Ciência. ‘Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da humanidade’. Os votos deste Juramento são hoje recordados e renovados, respetivamente 25 e 50 anos após o início desta grande aventura”, acentuou Liliana Constantino.

No total, mais de 100 médicos receberam a respetiva medalha dos 25 e 50 anos de inscrição na Ordem dos Médicos.

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