“Em formato virtual mas unidos neste sentimento especial no dia em que vos acompanhamos este compromisso solene”. Foi desta forma que a médica Catarina Matias deu as boas-vindas para mais uma cerimónia de Juramento de Hipócrates em Coimbra, evento que apresentou em nome da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, instituição que optou cancelar as cerimónias presenciais que habitualmente juntavam milhares de pessoas (jurandos e seus familiares, colegas, amigos e seus mestres bem como convidados oficiais).
Para o anfitrião da cerimónia, o presidente da SRCOM, o valor do Serviço Nacional de Sáude, que foi posto à prova perante uma pandemia, é insubstituível. E exortou os mais novos para não se acomodarem, para ter a coragem de denunciar as situações que possam prejudicar a prestação dos cuidados de saúde aos doentes. Ao traçar a fita do tempo, desde os tempos mais remotos, à criação das carreiras médicas, ao nascimento do SNS até aos dias de hoje, Carlos Cortes assumiu: “É nos momentos de maior aflição que reconhecemos o verdadeiro valor das pessoas, em que os corajosos se entregam à sua missão e em que os fracos, os maus líderes, costumam culpar os outros das suas debilidades e incompetências”. E lembrou que todas as conquistas “não são só histórias de resiliência dos médicos, são histórias de coragem, de compaixão e de dedicação aos doentes. São histórias de esperança.”.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, as palavras da atual ministra da Saúde, Marta Temido, “são totalmente inaceitáveis”, ao afirmar que o SNS necessitará “de profissionais de saúde mais resilientes”. Miguel Guimarães defendeu, por seu turno, que “defender o SNS é um verdadeiro imperativo ético”.
A sessão contou ainda com a participação do atual presidente da Câmara Municipal de Coimbra e ex-bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que não deixou de sublinhar que “ser médico é a mais complexa e mais exigente, mas também a mais gratificante e a mais emocionante das profissões”.
A oração de sapiência coube ao médico pneumologista, Filipe Froes. Para o coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, uma das mensagens-chave para os mais jovens é o trabalho em equipa. “Nada na vida de um médico se consegue sozinho e a primeira lição é valorizar o trabalho em equipa e e reconhecer e agradecer quem nos ajudou a crescer”. E acentuou que ser médico “é uma atitude e um modo de estar”. Filipe Froes colocou também o enfoque, tal como os anteriores intervenientes, na relação médico-doente como “alicerce desta estranha forma de vida”. Para o pneumologista é ainda muito importante salientar a forma como se comunica.
Mais de 150 médicos prestaram Juramento solene.