Os médicos com 25 e 50 anos de exercício da profissão na sub-região de Coimbra foram homenageados no dia 18 de junho, dia em que se assinala o Dia do Médico. A sessão solene, na antiga igreja do Convento São Francisco, ficou marcada, pelo segundo ano consecutivo, pelo cumprimento do distanciamento físico. Desta vez, nem faltou um forte e emotivo éfe-érre-á.
Homenagear quem tem um percurso de 50 e 25 anos na Medicina, enaltecer quem não vacilou perante a pandemia, engrandecer quem se dedica e se entrega, todos os dias, à Medicina humanista – eis os emotivos momentos que se viveram na Antiga Igreja do Convento São Francisco, em Coimbra.
Na sua intervenção, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, destacou o trabalho dos médicos neste complexo, difícil e exigente tempo de pandemia e realçou os “momentos de incerteza e medo” numa mudança de paradigma na medicina que a COVID-19 trouxe à profissão. Todos os médicos – realçou – tiveram de unir esforços no combate à doença, independentemente das suas especialidades.
Depois da oração de sapiência pelo professor, escritor e psiquiatra, Carlos Mota Cardoso, no âmbito da qual, entre outros, abordou o tema da morte numa perspetiva analítica, os médicos ali presentes e os que assistiram via emissão streaming ouviram também as motivações de uma estudante do terceiro ano do Mestrado Integrado de Medicina. Maria Loio cativou a atenção de todos falando sobre o “deslumbramento” pela profissão que sente no contacto com os profissionais mais velhos que são a “inspiração” dos estudantes de Medicina.
“Passámos tempos muito difíceis” disse o médico, que revelou que os médicos não param a sua “missão humanista” apesar de verem “pessoas a morrer, colegas a morrer. Viveram o medo de levar o vírus para casa, mas não baixaram os braços” e muitos ficaram a dormir em enfermarias e em locais de alojamento, para não infetarem outras pessoas, deixando as suas famílias.
“Não somos heróis, porque somos humanos, não temos capacidades extraordinárias fora do comum, mas conseguimos fazer atos extraordinários”, acentuou. Aos médicos que completaram 50 anos de inscrição na Ordem dos Médicos, Carlos Cortes enalteceu os seus mestres, destacando os seus notáveis percursos: “Lutaram para levar a Medicina e os cuidados de saúde a todos aqueles os que precisavam”. Assumiu: “Estou a falar da criação do Serviço Nacional de Saúde em 1979”. Sobre os colegas mais novos, que receberam a medalha dos 25 anos de inscrição, o presidente da SRCOM enalteceu os seus esforços em manter o SNS de modo a que dê resposta a quem precisa. “Não têm tido um trabalho fácil”, sublinhou.
A atuação do grupo Fado ao Centro, que interpretou temas compostos por antigos estudantes de Medicina da Universidade de Coimbra, encerrou esta emotiva sessão. A médica de família Catarina Matias foi a apresentadora desta cerimónia de enorme carga simbólica. Em jeito de remate deste evento, disse: “Momentos extraordinários! Foi notável a vossa participação no programa desta cerimónia de homenagem! A todos os que nos honraram com a vossa presença, muito obrigada! Continuam – todos – a ser uma inspiração! Muito obrigada!”.