“Aconteceram verdadeiros atos heroicos” neste ano de pandemia

“Aconteceram verdadeiros atos heroicos” neste ano de pandemia

Os profissionais de saúde fizeram “verdadeiros atos heroicos” na luta contra a COVID-19, com dedicação, altruísmo, entrega e coragem. Ao intervir na sessão de abertura do 23º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), destacou a notável resposta do Serviço Nacional de Saúde e dos seus profissionais perante tamanho desafio que a pandemia colocou. “Atravessámos um ano particularmente difícil, penoso, doloroso por vezes. Um ano repleto de indefinições e incertezas. Fomos permanentemente colocados à prova. Foi exigido o melhor de cada um de nós. Lidámos com insuficiências, falta de recursos, decisões tardias no embate inicial com a pandemia em que ninguém, nenhum país, nenhum sistema de saúde, nenhum hospital, nenhum centro de saúde estava verdadeiramente preparado para o que enfrentámos”, assinalou Carlos Cortes.

Neste congresso subordinado ao tema “A Ciência em Tempo de Pandemia” e que reúne, até quinta-feira, no Convento São Francisco, em Coimbra, cerca de 1 800 congressistas (a maioria online) e mais de 200 oradores em 61 sessões de trabalho, o presidente da SRCOM e do Congresso, asseverou: “apesar da inquietação, nunca desistimos, em nenhum momento”.

Acrescentou: “Sabíamos todos que devíamos dar tudo por tudo, e demos tudo o que podíamos aos nossos doentes. Nos serviços de urgência, nos serviços de cuidados intensivos, nos internamentos de doentes, nos blocos operatórios. Do sector público, privado ou social. Nas consultas, nos centros de saúde e ADR´s, nos laboratórios, nos centros de investigação, na tarefa fundamental da prevenção, do rastreamento de casos”.

Segundo Carlos Cortes, “mesmo com falta de meios logísticos, falta de camas, de equipamentos, com programas informáticos inadequados e carências de profissionais, usámos o que tínhamos, a nossa dedicação, o altruísmo, a entrega, a coragem em pano de fundo de humanismo em que aconteceram verdadeiros atos heroicos. Nunca deixámos de ser humanos e responsáveis”.

Destacou, ainda, todo o empenho feito pela saúde pública, pelos médicos de família, pelos médicos nos hospitais, nos lares, por médicos reformados e estudantes de medicina e por todos os profissionais de saúde, assinalando também ser “justo reconhecer” a participação empenhada e, frequentemente decisiva de Câmaras e Juntas de Freguesia, das forças da autoridade, das corporações de bombeiros e dos militares de todos os ramos das Forças Armadas, entre muitos outros.

Por seu turno, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou que a resposta às listas de espera de doentes que ficaram sem consultas ou viram cirurgias adiadas devido à pandemia de COVID-19 exige estratégia, investimento público e vontade política. “Temos a angústia adicional de não conseguirmos identificar todos os que ficaram para trás, sem rosto, sem nome, sem diagnóstico, sem tratamento. E de sabermos que a resposta exige estratégia, investimento público e vontade política”, afirmou Miguel Guimarães.

O bastonário frisou que além da pandemia de COVID-19 “outros doentes com outros problemas acumulam-se em consultas e cirurgias por fazer, em listas de espera” e garantiu que a Ordem dos Médicos não descansará até ver “todos os médicos vacinados contra a COVID-19”.

Na abertura da sessão inaugural deste encontro, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, realçou o trabalho realizado pelos municípios neste contexto especialmente complexo. “Em 2020 e 2021, as autarquias demonstraram que são parceiros fiáveis também na área da Saúde, sendo capazes de reagir com rapidez, com criatividade, com recursos materiais e humanos”, sublinhou. O autarca de Coimbra e também presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses deixou clara a ideia: “A saúde deve e tem de ser mesmo uma prioridade para todos, pelo que assumimos o desafio de a colocar no centro de todas as políticas autárquicas”.

No final da sessão, a ministra da Saúde lembrou: “Foi um ano difícil, um ano de resiliência ao longo do qual o SNS, e o sistema de saúde português, se reinventou e saiu fortalecido e mais próximo dos cidadãos”. A governante, que lembrou o compromisso firmado neste mesmo espaço com o Dr. António Arnaut de modo a que a defesa do Serviço Nacional de Saúde seja sempre um desígnio a defender, assumiu: “O SNS acompanhou os portugueses desde o início da pandemia COVID-19 e readquiriu o ânimo e a tenacidade imprescindíveis para as lutas difíceis que mos esperam hoje e no futuro.”

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