Concerto-Homenagem ao cirurgião Alexandre Linhares Furtado: Uma lição de vida, coragem e heroísmo

Concerto-Homenagem ao cirurgião Alexandre Linhares Furtado: Uma lição de vida, coragem e heroísmo

Teve lugar dia 20 de julho, sábado, um concerto de homenagem a Alexandre José Linhares Furtado pela Orquestra Clássica do Centro (OCC), no emblemático Pateo da Universidade de Coimbra. Foi o culminar de um conjunto de iniciativas organizadas neste dia para assinalar os 50 anos do primeiro transplante realizado em Portugal por aquele cirurgião.
O espetáculo, que contou também com as participações da soprano Elisabete Matos e do maestro Martin André, e ainda, do ator Francisco Paz e no oboé Andrew Swinnerton, atraiu centenas de amigos, familiares e colegas do ilustre cirurgião.

Neil Armstrong e Buzz Aldrin na Lua, concomitantemente Linhares Furtado pioneiro em Portugal: dois feitos históricos. Pois bem: Integrado no programa " Serenatas com a Lua por perto ", este concerto, que tem entrada gratuita, assinala nesta mesma data a chegada do Homem à Lua ( 20 julho de 1969). Médico, pintor, autores de inúmeras publicações, Linhares Furtado recebe mais esta justa homenagem da OCC, da qual é atualmente presidente da Assembleia Geral.

Associaram-se a esta Homenagem: A Universidade de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – Hospital da Universidade, a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, o Instituto Português do Sangue e Transplantação, a Sociedade Portuguesa de Transplantação, a Ordem dos Médicos, a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, a associação Hepaturix e o Centro Cirúrgico de Coimbra. Na conferência de imprensa de apresentação do programa, Guilherme Tralhão, em nome da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, destacou o homem de "grandes convicções e genial", que também colheu, em Coimbra, o primeiro coração que foi transplantado em Portugal (em Lisboa)."

Antes, decorreu uma sessão de homenagem no Convento de São Francisco em Coimbra: O pioneiro da transplantação em Portugal manifestou-se muito grato por todos eleogios proferidos e pediu licença para "pegar na homenagem e a transplantar para uma celebração máxima do heroísmo", isto é, celebrar a abnegação do dador vivo de órgãos.

Foram intervenientes nesta sessão, antigos colegas e seus "discípulos", como Alfredo Mota, antigo diretor do Serviço de Urologia e Transplantação do CHUC, ou Arnaldo Figueiredo, atual diriter do serviço. Alfredo Mota traçou o perfil do "homem de ouro" em áreas como educação, ética e cidadania e também "como médico e universitário". Arnaldo Figueiredo, por seu turno, partilhou detalhes menos conhecidos, designadamente na áreas da música e pintura. O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, destacou também este marco da Medicina portuguesa que, para si, tem um "simbolismo especial", pela sua experiência pessoal e profissional como urologista. "Linhares Furtado arriscou e com o risco que correu fez com que a Medicina e a Ciência avançassem", afirmou perante uma vasta plateia de amigos, familiares, colegas, doentes e admiradores do reputado cirurgião.

Fazemos aqui um breve perfil, tal como o médico cirurgião foi apresentado na cerimónia evocativa da entrega das medalhas de 50 e 25 anos de inscrição na Ordem dos Médicos, em Coimbra (realizada na sala Miguel Torga a 22 junho 2019), no âmbito da qual proferiu uma eloquente intervenção:

Alexandre José Linhares Furtado, nasceu nos Açores, em Fajã de Baixo, em S. Miguel, no dia 22 de agosto de 1933. Realizou o seu curso médico na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, licenciando-se com a nota final de 19 valores. Doutorou-se pela mesma Universidade em 26 de fevereiro de 1965, tendo-se dedicado à prática médica e cirúrgica nos HUC. Serviu estas duas instituições ao longo de 45 anos. Introduziu nos HUC vários avanços (angiografias seletivas percutâneas, biopsias renais e hepáticas, diálise peritoneal e hemática, entre outros) e deu início, no nosso país, a todos os tipos de colheitas e de transplantações de rim, fígado, pâncreas e intestino, devendo-se-lhe ainda algumas inovações a nível internacional. Em junho de 1969 realizava o primeiro transplante renal, exatamente no dia em que o homem pisou a Lua.

As condições em que realizou o primeiro transplante renal, no antigo edifício de S. Jerónimo, dos Hospitais da Universidade de Coimbra, transformaram-no numa lição de vida, pela coragem e pelo heroísmo.
Pelo seu seu dinamismo e espírito científico, devemos-lhe também a introdução de terapêuticas médicas complementares ou neoadjuvantes na área oncológica. O país agradeceu-lhe com a Ordem do Infante e a Grã Cruz da Ordem de Cristo. Os doentes e os seus familiares não o esquecem e há casos tocantes na forma como lhe expressam a felicidade por mais e melhor vida.

© Texto e Foto/SRCOM – Paula Carmo  

 

 

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