Tributo à ética e humanismo na homenagem aos colegas com 25 e 50 anos de inscrição na OM

Tributo à ética e humanismo na homenagem aos colegas com 25 e 50 anos de inscrição na OM

"A ética é muito importante para o médico, aliada ao humanismo, à compaixão pelo doente, à entrega ao doente. Se o esquecermos, vamos esquecer aquilo que é a Medicina". Valores essenciais destacados pelo Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, na cerimónia de homenagem dos médicos inscritos na Ordem há 25 e 50 anos (1994 e 1969). 

 

Valorizar os médicos, o seu exemplo, a sua dedicação e a sua entrega são, pois, argumentos para esta celebração que assinala ainda o Dia do Médico (18 de junho). Na sua intervenção, Carlos Cortes enalteceu o contributo que estas duas gerações de médicos deram ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), "os que foram o embrião do SNS e os que têm a árdua tarefa de os manter". São, em seu entender, 40 anos de ganhos em Saúde, graças ao papel "absolutamente imprescindível" que os médicos tiveram na criação do SNS.

"Esta é a casa dos médicos e também dos doentes", acentuou, sem esquecer os importantes momentos de reencontro que esta cerimónia proporciona. "Este reencontro deve também ser o momento para refletir sobre os valores importantes", assinalou o presidente da SRCOM. "Não concebo uma relação com um doente sem os pressupostos éticos e humanistas".

Neste dia, Carlos Cortes assinalou ainda alguns obstáculos e, consequentemente, algumas preocupações em relação ao exercício da Medicina: a exaustão e a violência contra os profissionais de saúde. Assumiu: "os médicos têm recorrido muito à Ordem dos Médicos [por causa destes problemas] porque nada é feito". E, em jeito de desabafo, disse: "O nosso papel não só não é reconhecido como ainda somos apontados como causadores das dificuldades do SNS".

Na cerimónia foram também oradores: o cirurgião e Professor Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Alexandre Linhares Furtado, e a presidente do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra, Catarina Dourado. O médico cirurgião pioneiro dos transplantes em Portugal – em junho de 1969 realizava o primeiro transplante renal exatamente no dia em que o homem pisava a Lua – falando sobre o estado do setor da Saúde, considerou que a classe médica "tem sido das classes profissionais mais sacrificadas no turbilhão destes tempos". 

Na opinião do orador convidado desta cerimónia, é inadmissível que a palavra negligência venha, nos tempos que correm, sempre associada a negligência médica. Assumindo que costuma dizer que que não é contra o SNS "mas costumo dizer que não sou fã", deixou vincada a ideia de que ao longo dos 45 anos que se dedicou nos Hospitais da Universidade de Coimbra duvida que "tenham alguma coisa a apontar" ao seu percurso enquanto médico.

Catarina Dourado, por seu turno, assumindo a honra por estar a representar o Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra nesta homenagem, não deixou também de apontar "os desafios constantes que a Medicina atravessa no Serviço Nacional de Saúde, no qual importa ambicionar por um SNS que valorize a profissão médica, um acesso igual à Saúde por todos os portugueses, e no qual seja realizado um efetivo planeamento dos recursos humanos no setor da Saúde". Invocando esta homenagem na Ordem dos Médicos, assumiu a aluna do 3º ano Mestrado Integrado de Medicina da FMUC: "Da nossa parte, agradecemos o vosso esforço, tudo o que realizaram e alcançaram, pelo vosso sentido de responsabilidade, entrega à profissão, à sociedade e aos doentes".

Numa cerimónia pontuada por inúmeros gestos de júbilo e alegria pela homenagem – cujo fio condutor contou com a apresentação de Andreia Nogueira, Vogal do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos – a sessão solene culminou com o descerramento das placas evocativas dos 25 e 50 anos de dedicação à profissão.
Na sala Miguel Torga ecoaram as guitarras e voz do Fado ao Centro. Momentos que marcam um dia de honra e louvor.

©Paula Carmo (Fotos e texto)

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