Conciliar Trabalho e Família é cada vez mais difícil: Inquérito da Associação Médicos Católicos Portugueses comprova

Conciliar Trabalho e Família é cada vez mais difícil: Inquérito da Associação Médicos Católicos Portugueses comprova

As dificuldades em conciliar trabalho e família, seja por falta de tempo para exercer ambos os papéis seja por elevados níveis de tensão que os afazeres profissionais repercutem na vida familiar, estão na origem de muitos problemas sentidos pelos profissionais de saúde e os médicos em particular. Foram estes os temas da conferência promovida, na Ordem dos Médicos, no dia 18 de outubro, pelo Núcleo Diocesano de Coimbra da Associação de Médicos Católicos Portugueses (AMCP), instituição que em março ouviu os seus associados a nível nacional sobre esta matéria.
De acordo com José Augusto Simões, médico de família e docente na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e responsável diocesano da AMCP, os resultados da consulta mostram que a maior parte dos médicos, 73%, consideram mais difícil fazer essa conciliação no Serviço Nacional de Saúde, enquanto 39% dão nota negativa para a situação que se vive no setor privado.
O inquérito envolveu 181 associados (com respostas validadas num inquérito realizado a mil profissionais), com uma média de idades a rondar os 46 anos, mais de 75% deles casados e com filhos. Cerca de metade trabalham por turnos no serviço de urgência, e um quarto dos médicos só tem uma folga por semana, o que comprova que este problema afeta boa parte da classe. Diga-se que 40% da amostra trabalha mais de 50 horas por semana, e 26% trabalha seis dias por semana.
Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, lembrou a premência de saber conciliar os objetivos do trabalho com o tempo de que se dispõe para a família, sendo certo que a estabilidade emocional é crucial para esse equilíbrio.
Nesta sessão que decorreu no Dia de São Lucas – em que se assinala também o Dia do Médico – a jovem médica recém-especialista em Medicina Geral e Familiar, Eva Palha, deu nota da exigente tarefa em conciliar família e trabalho. Relatou o seu caso – mãe de três filhos – e como tais circunstâncias influenciaram e foram influenciadas com a escolha do local para morar e trabalhar, com as opções de acompanhar sempre a família. "Na balança da vida, na construção da maternidade, a família é fundamental", acentuou a médica. Já o professor catedrático de Medicina Interna, Armando de Carvalho deu também conta do seu percurso profissional desde que se licenciara em 1978 e se especializara em Medicina Interna em 1987. Para evitar um claro prejuízo entre as duas realidades – trabalho e família – o professor e diretor da Clínica Universitária de Medicina Interna no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra "é fundamental ter capacidade de cedência, sem que isso seja uma derrota." . A seu ver, são fundamentais a capacidade de diálogo e a existência de planos em conjunto entre os membros do casal. "Tive a sorte de ter a minha mulher em casa, estamos felizes no percurso; as pessoas mais felizes no trabalho, em geral, são as têm uma vida familiar estável".
No período de debate desta sessão que decorreu na Sala Miguel Torga da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, o professor Armando Porto (que dirigiu o serviço de Medicina III, onde o professor Armando de Carvalho realizou o Internato da especialidade de Medicina Interna) deu conta da sua preocupação para com os mais novos, face aos prejuízos que estes profissionais enfrentam nos tempos atuais.
Todos concordam que urge continuar a debater esta tema. Todos concordam que é necessário reverter a tendência entre o tempo para o trabalho face ao tempo de lazer e o tempo para a família.
O dia 18 de outubro foi escolhido como o Dia dos Médicos por ser consagrado, pela Igreja Católica, a São Lucas.

 

 

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