A Ordem dos Médicos esteve hoje na Assembleia da República, na Comissão Parlamentar de Saúde, a fim de entregar uma carta Aberta já assinada por mais de 3000 clínicos na qual se exige a abertura imediata de concursos para o Serviço Nacional de Saúde. A acompanhar uma delegação de jovens médicos, os responsáveis da Ordem dos Médicos reitera as duras críticas à tutela face ao impasse na abertura de concursos para os jovens médicos que concluíram o seu Internato de Especialidade na época de 2017. São 710 clínicos da área hospitalar e saúde pública que não estão colocados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), logo, não estão a desenvolver a excelência do seu saber e conhecimento científico em prol dos doentes.
O vice-presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, Moisés Ferreira, garantiu aos promotores da carta aberta que o atraso nos concursos para a colocação destes médicos está a ser objeto de atenção e acompanhamento por este grupo.
A carta e as suas circunstâncias foi apresentada pelo Bastonário da Ordem dos Médicos: "Foi feita por jovens médicos que esperam por concurso há meses, alguns há um ano", enfatizou Miguel Guimarães. Para o bastonário, esta é "uma situação única" e "lamentável", pois apesar das carências destes profissionais nos hospitais, o concurso continua no papel. Deixou o apelo aos deputados para que, construindo consensos, possam ajudar os médicos a salvar o Serviço Nacional de Saúde.
Por seu turno, Inês Mesquita, anestesiologista que aguarda pela abertura do concurso e que hoje esteve também presente no Parlamento, apelou à intervenção e ajuda dos deputados para que estes médicos possam ajudar os portugueses e explicou aos deputados a génese deste movimento que resultou na elaboração da carta aberta após uma reunião na Secção Regional do Centro [realizada na noite de 15 de fevereiro]. "Não estamos a ir de encontro àquilo que os hospitais e os utentes precisam, para além de estarmos a assistir ao incumprimento legal por parte do Ministério da Saúde". Devido a este impasse a jovem médica e também Vogal da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, afirmou aos deputados: "Temos de estar nos hospitais que nos deram a formação e não onde somos necessários.
Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, o ministro da Saúde "não é capaz de fazer o trabalho que lhe compete. De um lado, estão mais de 700 médicos à espera de serem colocados em locais onde são necessários. Do outro, existem as carências do Serviço Nacional de Saúde. Desta forma, o Ministério da Saúde está a desrespeitar os doentes".
Carlos Cortes classificou, aliás, como "paradoxo" a existência de 700 médicos a aguardar colocação quando existem tantas unidades hospitalares onde são precisos. "Temos vindo a constatar que o Ministério da Saúde desconsidera os seus próprios funcionários e, com estas atitudes, desrespeita os doentes".
A situação foi igualmente lamentada por Guida da Ponte (Federação Nacional dos Médicos) e José Carlos Almeida (Sindicato Independente dos Médicos), para quem a situação é "incompreensível".
Neste encontro com a Comissão de Saúde esteve também Catarina Perry da Câmara, Coordenadora Nacional do Conselho Nacional do Médico Interno e representantes dos recém-especialistas de todas as regiões do País.
Já depois da audiência parlamentar, e em declarações aos jornalistas, o Bastonário da Ordem dos Médicos, em resultado, anunciou a criação de um email para denunciar as insuficiências e deficiências do Serviço Nacional de Saúde. O endereço electrónico é: denuncias@ordemdosmedicos.pt.