Juramento de Hipócrates | “O Orçamento de Estado de 2017 prova que já não existe paixão pela saúde”

Juramento de Hipócrates | “O Orçamento de Estado de 2017 prova que já não existe paixão pela saúde”

Mais de 300 jovens médicos prestaram pela primeira vez em Portugal o Juramento de Hipócrates segundo a versão atualizada em outubro pela Associação Médica Mundial. Cerimónia plena de significado e emoção que decorreu no domingo, 19 de novembro, no Convento São Francisco, em Coimbra. Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, com o novo texto, o juramento "perde definitivamente o seu paternalismo beneficente", com a abordagem dos procedimentos médicos a deixar de ser "um atributo exclusivo do médico, passando a decisão informada a ser tomada pela equipa médico-doente". O novo texto, sublinhou, "coloca o doente no centro de todas as preocupações e coloca-o num patamar de intervenção e decisão na estratégia terapêutica da sua própria doença".

Depois de abordar e sistematizar as diferenças deste Juramento, o presidente da Ordem dos Médicos do Centro não poupou as críticas: "Esta nova versão é uma resposta à desumanização galopante imposta por dirigentes da saúde acéfalos e desprovidos de qualquer sentido de compaixão". Segundo Carlos Cortes, o texto mostra que "mais importante do que a doença e a sua erradicação é o ser humano e a sua dignidade".

Para o dirigente da Ordem dos Médicos do Centro, também responsável pelo Conselho Nacional de Pós-Graduação, o tema da formação médica fez também parte da sua intervenção: "Ao longo de 2016, a Ordem dos Médicos enviou cerca de 100 relatórios sobre condições de formação em serviços do Serviço Nacional de Saúde que poderiam ser facilmente corrigidas para permitir uma formação com mais qualidade e de mais médicos que fazem falta ao país. Até hoje não recebemos uma única resposta e prevê-se que perto de 600 médicos fiquem impedidos de ter acesso novamente à uma especialidade médica em 2018. Por total inércia do Ministério da Saúde.". Razões para apontar as críticas ao Ministério da Saúde que, "por total inércia", "centenas de médicos especialistas que fazem falta em hospitais e centros de saúde estão à espera há mais de 6 meses por um concurso de colocação."

Assumiu a este propósito: "Curiosamente, o Coordenador do Conselho Nacional de Saúde vem propor, como solução milagrosa para a falta de recursos humanos, que competências próprias da Medicina sejam transferidas para outros profissionais de saúde, desvalorizando como nunca antes o papel dos médicos e o interesse dos doentes. O Prof. Jorge Simões deveria era pedir desculpa aos médicos e aos doentes por apregoar uma saúde de pacotilha".

 

 

 

 

 

 

 

Partilhe nas redes:

Ordem dos Médicos