Juramento de Hipócrates | Maria de Belém Roseira proferiu Oração de Sapiência

Juramento de Hipócrates | Maria de Belém Roseira proferiu Oração de Sapiência

A convite da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, a antiga ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, proferiu a Oração de Sapiência neste compromisso solene realizado no dia 19 de novembro, em Coimbra. Dirigindo-se aos jovens médicos, a ex-presidente da Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde, lembrou tratar-se de "uma vinculação para a vida". Recordando a exigência sobre a profissão, a jurista aludiu à dificuldade/complexidade do seu exercício, desde logo mercê da "velocidade meteórica da desatualização do conhecimento". "Se em todas as profissões hoje se faz apelo à aprendizagem ao longo da vida, o grau de exigência da profissão médica impõe-na como inevitabilidade", acrescentou.

Enunciando os princípios da beneficência, não maleficência, autonomia e da justiça, Maria de Belém Roseira frisou que os valores e princípios basilares da prática médica estão consagrados na doutrina dos direitos humanos. "Os direitos humanos são intrínsecos à natureza humana – ninguém os atribuiu, nascem com a pessoa, são inerentes a ela e, consequentemente, não podem ser retirados por ninguém, como explica Hannah Arendt – e correspondem a um ideal de Justiça, sentimento básico ínsito em cada um de nós e que em si, no dizer de Aristóteles, contém todas as outras virtudes".
Referindo-se ao direito à vida, como o primeiro de todos os direitos, Maria de Belém Roseira não deixou de lhe atribuir uma estreita relação com o direito à proteção da saúde. "Outros direitos fundamentais constitucionalmente protegidos estão com ele relacionados, tais como a integridade moral e física, o direito à liberdade de pensamento, de consciência, religião, opinião e expressão, o direito à identidade pessoal, ao livre desenvolvimento da personalidade, o direito à privacidade, o direito de beneficiar do progresso científico e as suas aplicações. 

Assumindo particular entusiasmo pela iniciativa da Ordem dos Médicos de Espanha que, com o apoio da Ordem dos Médicos de Portugal, candidata a relação médico-doente a património imaterial da humanidade [tema do XX Congresso Nacional de Medicina, onde esteve também a participar nesse fim-de-semana em Coimbra], vaticinou êxito nesta proposta uma vez que "a própria UNESCO" tem "como principal objetivo, na sua Declaração dos Direitos Humanos e a Biomedicina, a aplicação da Doutrina dos Direitos Humanos à ética médica".
Avanço científico, arte de cuidar e humanismo sempre em conjunto. "Não vos esqueçais nunca de que vivemos numa época de profundas desigualdades e de 'especial vulnerabilidade', como lhe chama Stigliz 'em que cada vez mais gente está sujeita a que uma mínima vicissitude a faça cair na pobreza'. Sabemos que as pessoas mais pobres e menos qualificadas – praticamente metade da população portuguesa – têm pior saúde e pior prognóstico, quando doentes. Não podem ser ignoradas nem desprezadas. São credoras de especial atenção. Têm que ser acarinhadas. (…) O mundo da Saúde é simultaneamente fascinante e desafiador. Desejo-vos, às vossas famílias, que necessariamente serão envolvidas na exigência do vosso exercício profissional, as maiores felicidades".
De seguida e após a entrega das cédulas profissionais por ordem alfabética – tarefa para a qual Inês Mesquita contou com a ajuda de Inês Madanelo, da equipa coordenadora para a região Centro do Conselho Nacional do Médico Interno – procedeu-se à leitura do Juramento, com o Bastonário da Ordem dos Médicos no púlpito a acompanhar este momento solene.

Captada a fotografia de grupo, coube ao grupo de Coimbra 'Pensão Flor' encerrar este dia de festa. Beleza especial no palco do Convento São Francisco com a interpretação do mais recente disco.

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Ordem dos Médicos