Leiria | “Stress e Burnout: “Dias que pesam…A arte da resiliência”

Leiria | “Stress e Burnout: “Dias que pesam…A arte da resiliência”

Decorreu no dia 13 de outubro "Encontro com a Saúde", no auditório 1 da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, numa organização conjunta do Conselho Técnico dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Pinhal Litoral e da Escola Superior de Saúde de Leiria. Preside à Comissão Científica deste encontro, o presidente da Sub-Regional de Leiria da Ordem dos Médicos, Rui Passadouro.

"Stress e Burnout: "Dias que pesam…A arte da resiliência" foi um dos temas abordados com moderação do Professor Catedrático Jubilado de Medicina, Massano Cardoso, e as intervenções de Carlos Cortes, Médico Assistente Graduado de Patologia Clínica e Diretor de Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar Médio Tejo e Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos; Salmo Faria, Docente da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria; Ana Maria Pedrosa, Enfermeira da Unidade de Cuidados Continuados da Marinha Grande do ACeS Pinhal Litoral.

"Stress é particularmente vital para compreendermos muito do que nós somos. Todos devemos a nossa presença nesta sala ao stress", disse Massano Cardoso, na sua intervenção inicial, fazendo depois o enquadramento sobre a importância do stress. "O problema está no stress continuado, não é a intensidade do stress", considerou, elencando as três principais causas do stress. A saber: "em primeiro lugar, trabalho; em segundo lugar, trabalho; e depois as outras". Recordando "a criação em 1975 da disciplina de psiconeuroimunologia", o professor Massano Cardoso lembrou que esta disciplina "determinou que o ambiente, através das condições psicológicas, influenciam o funcionamento do nosso cérebro, ou seja, muitas das doenças autoimunes, muitas das doenças neoplásicas e muitas da patologia degenerativa moderna poderão ser induzidas através deste processo que não damos conta". Ao terminar esta intervenção como moderador desta mesa, o epidemiologista frisou que "o problema é o stress baixo e continuado", alertando para uma nova organização social e do trabalho.

Carlos Cortes, por seu turno, iniciou a sua preleção com o agradecimento "ao mestre" da Faculdade, e quis "sublinhar a imensa gratidão e o grande reconhecimento como médico e o papel que desenvolveu como docente na Faculdade de Medicina, e, também, como dirigente da Ordem dos Médicos": Professor Doutor Massano Cardoso.

O médico patologista clínico centrou a sua intervenção nos principais indicadores do estudo levado a efeito pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos sobre burnout na classe médica. Após tecer duras críticas ao sistema informático que considera como um dos principais entraves ao desempenho médico, Carlos Cortes reportou que a dimensão deste fenómeno na Região Centro é preocupante, como aliás tem vindo a ser reportado em publicações científicas e na imprensa generalista e de saúde.
Questionando os participantes deste encontro, sobre o que vão buscar ao local de trabalho, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, recebeu, de pronto, as seguintes respostas: "problemas", "desejo de satisfação profissional", "insatisfação". Após definir o conceito, o presidente da SRCOM explicou que antes do estudo, a Ordem dos Médicos esteve em todos os hospitais e alguns centros de saúde para abordar esta questão premente.
A exaustão emocional, a falta de realização pessoal e a despersonalização são dimensões do burnout.  O estudo da SRCOM, sublinhou Carlos Cortes, teve "uma adesão surpreendente", sendo que os "números destas dimensões são impressionantes".

Aliás, foi a preocupação com o bem-estar dos seus associados e dos doentes levou a SRCOM a procurar conhecer a realidade da incidência do Burnout nos médicos da Região Centro.

Estudo inédito em Portugal da SRCOM revela que: "Exaustão afeta 40.5% médicos na região Centro", lembrando Carlos Cortes que são os médicos de família que estão mais expostos a estas situações. Quanto á área hospitalar, "são os profissionais que fazem urgência, nomeadamente os da Medicina Interna, da Cirurgia Geral, e da Ortopedia, isto é, as especialidades mais sensíveis". "Há também uma ligação muito direta entre a carga de trabalho e a predisposição para o burnout, tal como o trabalho noturno", aludiu.
A finalizar esta intervenção, Carlos Cortes explicou os procedimentos atinentes ao encaminhamento dos colegas que recorrem à Ordem dos Médicos, designadamente através do Gabinete de Apoio ao Médico.

 

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