Juramento de Hipócrates 2016: “Estamos ao serviço da Medicina, da Saúde e dos Doentes”, assumiu Carlos Cortes

Juramento de Hipócrates 2016: “Estamos ao serviço da Medicina, da Saúde e dos Doentes”, assumiu Carlos Cortes

O grande auditório e a sala Mondego do Convento de São Francisco acolheram os familiares e amigos dos 500 jovens médicos recém-licenciados que prestaram o seu Juramento de Hipócrates, em Coimbra. Oriundos das faculdades de Medicina de Coimbra, Covilhã, Lisboa, Porto e algumas universidades estrangeiras, receberam as cédulas profissionais neste dia marcante.
Na cerimónia promovida pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos todos os pormenores foram pensados para acolher com conforto e bem-estar as quase 1700 pessoas que acorreram ao Convento São Francisco. Após a atuação do Coro da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos dirigido pelo maestro Virgílio Caseiro, coube ao presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, a primeira intervenção como anfitrião desta cerimónia de profundo significado na vida profissional dos médicos e, no âmbito da qual, a Oração de Sapiência foi proferida pelo Coronel de Infantaria José Augusto Amaral Lopes.
"Trata-se de um momento único na vida de um médico: Ser médico é, hoje, muito mais do que ter um simples curso ou um emprego. Ser médico, hoje, é ter a coragem permanente de lutar contra o sofrimento, contra a adversidade, contra a insensibilidade. Sobretudo, nestes tempos conturbados", referiu Carlos Cortes.

O presidente da SRCOM, ao fazer uma análise às circunstâncias da profissão na atualidade, não deixou de criticar a tutela: "Nestes últimos anos, o Ministério da Saúde insistiu, sistematicamente, em mecanizar o exercício da medicina: através da criação da figura do médico-funcionário, das restrições nos tempos de consultas, do controle de atos diagnósticos e terapêuticos, da informatização deficiente e da insuportável e permanente pressão, por vezes muito bem dissimulada, para fazer do exercício da Medicina um exercício contabilístico de um conjunto de números, dados estatísticos e financeiros. Somaram-se, umas atrás das outras, leis, regras e decisões, com um largo impacto negativo na nossa vida do dia-a-dia e no bem-estar dos nossos doentes". Acusou, até, os responsáveis políticos de "desrespeito pela atividade médica" por parte de "governantes e gestores incompetentes, insensíveis e impunes". Referiu os números do estudo sobre Burnout na Classe Médica da região Centro, no âmbito do qual se revela que 40,5% dos médicos têm altos níveis de exaustão emocional, e a ausência de planeamento em Saúde, e os números avassaladores da emigração médica. Concluiu: É neste cenário que ireis cumprir o ritual do Juramento de Hipócrates. Por isso, neste momento, as minhas palavras são de incentivo. Nada vos deverá fazer vacilar. Estamos ao serviço da Medicina, da Saúde e dos Doentes. Somos herdeiros de princípios milenares e universais. Espero de todos vós o melhor da vossa sabedoria! Que nunca vos falte a determinação e coragem para manter a esperança! É minha convicção, que com os médicos a Medicina nunca perderá a sua face humana".

Depois das palavras do Bastonário da Ordem dos Médicos que exortou os jovens ali presentes para que "sejam médicos balsâmicos, placebo e humanos", coube ao Coronel de Infantaria José Augusto Amaral Lopes a Oração de Sapiência, que, assumiu, "em termos de metodologia" procurou "encontrar ‘pontes' que unem a profissão militar e o exercício da medicina". Disse: "O reconhecimento da ligação das Forças Armadas à Nação, é formalmente afirmado nas fórmulas dos juramentos de bandeira e de fidelidade: "guardar e fazer guardar a Constituição da República". Estes juramentos, assumidos sem reservas e com a consciência de sacrifício pessoal que eles implicam, são uma afirmação formal e pública do empenhamento em valores que nos distinguem na comunidade nacional. Também o exercício da Medicina carece da realização de um juramento solene, cuja prática remonta ao século V a.c.. Apesar das muitas mudanças no juramento hipocrático, o recurso ao juramento ainda hoje é encarado como importante, numa profissão comprometida com os nobres ideais morais. A fórmula do juramento chama a atenção para os preceitos valiosos de moral, essenciais à profissão médica. Nesse aspeto em concreto, gostaria de enfatizar a promessa solene de consagrar a vida ao serviço da Humanidade e de guardar respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça. Ou seja, a questão da vida assume um papel central em ambas as profissões, seja pelo seu respeito, seja pelo seu sacrifício. Importa agora, analisar de que forma o exercício da Liderança é moldado pela questão da vida". Subordinado ao tema "Liderança em situações de conflito", o coronel Amaral Lopes (de agosto de 2012 a dezembro de 2015, desempenhou o cargo de Chefe da Repartição de Avaliação das Operações no recém criado Quartel General da NATO – LAND COMMAND em Izmir, na Turquia. Atualmente está colocado no Ministério da Defesa Nacional onde desempenha as funções de Assessor na Divisão de Planeamento Estratégico da Direção Geral de Política de Defesa Nacional, declarou: "Não é em 30 minutos que se forma um Líder. Há um longo percurso que tem de ser percorrido por vós. O objetivo é que sejam bons líderes, e que ao longo desse caminho, procurem com a vossa conduta adaptarem-se ao ambiente envolvente, seja da organização, seja da equipa. Não há soluções únicas nem milagrosas. Há referenciais. Vivemos num ambiente de constante mutação e imprevisibilidade, o que coloca mais peso e responsabilidade em quem decide. Algumas das qualidades que hoje se reconhecem como ideias para quem lidera, passam por: Compreender a dimensão humana da profissão; Proporcionar finalidade, direção e motivação à sua equipa; Ter iniciativa; Ser tecnicamente competente; Que esteja disposto a explorar oportunidades e a assumir riscos (naturalmente calculados); Que ajude a criar equipas coesas; Que comunique com eficiência, verbalmente e por escrito e, não menos importante; Ajam de acordo com os princípios éticos da profissão. Quem possuir estas qualidades, torna-se num líder inspirador".
Depois de ouvirem, atentamente, as palavras a eles dirigidas os jovens médicos receberam, num ambiente de grande emoção, as cédulas profissionais. Após a tradicional fotografia de grupo, o dia de festa e convívio entre familiares e jovens médicos continuou desta feita com a atuação do grupo Quatro e Meia, cujo espetáculo encantou todos os presentes. O evento contou com a apresentação de Inês Mesquita, Vogal do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

 

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