O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, foi um dos oradores da mesa "Internato Médico" no 63º Congresso da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico- Facial / XVI Congresso Luso-Espanhol de Otorrinolaringologia, a decorrer de 21 a 24 de abril, em Coimbra, no Centro de Congressos Convento de S. Francisco.
Com moderação de Ricardo Caiado, a sessão subordinada ao tema "Internato Médico – Passado, Presente e Futuro" contou com a participação também de Artur Condé (presidente do Colégio da Especialidade de Otorrinolaringologia da Ordem dos Médicos) e Luís Filipe Silva (Sindicato Independente dos Médicos).
Reconhecidamente a excelência de formação médica nesta especialidade existem, porém, alguns problemas. Há ou não falta de médicos? – eis uma das perguntas à qual Carlos Cortes respondeu: "Há mais capacidades formativas este ano mas, globalmente, a discussão sobre a falta de médicos em Portugal continua a ser tema dominante. Assistimos a situações práticas, no dia-a-dia, em que há falta de médicos. Temos à volta de 4.2 médicos por mil habitantes. Isso coloca Portugal dos países da OCDE com mais médicos. A Grécia é o país com mais médicos. Há falta de médicos nalgumas especialidades porque, durante muitos anos, Portugal teve um numerus clausus muito abaixo daquilo que eram as necessidades. As capacidades formativas disponibilizadas pela Ordem dos Médicos eram muito acima. Como havia mais escolha, os colegas escolhiam determinadas especialidades". Depois de fazer esta contextualização, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos falou do futuro, acentuando o facto de "um estudante que ingresse agora na faculdade só é especialista daqui a 11 a 13 anos, dependendo da especialidade", alertando para o facto de "o que se está a fazer agora não é para a falta de médicos hoje. Em Portugal há falta de médicos em determinadas especialidades, no entanto, a posição da Ordem dos Médicos é: não faz sentido aumentar o número de candidatos nas faculdades de Medicina". Asseverou: Sim, a formação médica é de altíssima qualidade mas há um poder da tutela que pressiona os médicos para se dedicarem mais à produção. No contexto atual, Artur Condé alertou para a degradação da profissão bem como da escassez de oportunidades de trabalho em Portugal, assumindo, até, que não quer médicos a trabalhar em call centers. Aliás,
neste debate, organizado pela Comissão de Internato da Formação Específica Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia – Cirurgia Cérvico- Facial, o sindicalista alertou para o facto das questões laborais dos médicos estarem, cada vez mais acentuadas na ordem do dia. "O Interno, para além de estar em formação é também um profissional de saúde. Os Internos tem sido utilizados como mão-de-obra barata, como por exemplo nas urgências, para suprir necessidades nos hospitais, o que traz problemas".
Na continuidade deste debate, Carlos Cortes voltou a frisar, criticando: "A formação médica em Portugal é de alta exigência mas o Poder político não está interessado nisso, porque há um problema de recursos médicos. Há uma pressão sobre os Internos, para desvalorizar as questões da formação".
Outros temas abordados na sala 3 Centro de Congressos do Convento de S. Francisco: o exame final da especialidade e os concursos de colocação.