Na sessão que se realizou na Sala do Senado da Assembleia da República, para assinalar o Dia Mundial da Saúde, foram agraciados o neurocirurgião João Lobo Antunes e o advogado/escritor e fundador do Serviço Nacional de Saúde (SNS) António Arnaut.
A João Lobo Antunes é reconhecida a sua "notabilíssima e duradoura contribuição para o desenvolvimento da ciência médica e da neurocirurgia em Portugal" e o seu "contributo inequívoco para o prestígio internacional do Sistema de Saúde Português ao qual prestou os mais relevantes serviços", tendo recebido o 'Colar do Prémio Nacional de Saúde'. A António Arnaut, membro do Conselho Consultivo do CHUC, foi atribuído o 'Grande colar' da saúde, pelos "atos relevantes em prol da saúde dos portugueses". A apresentação de ambos foi feita pelo professor universitário Fernando Regateiro, ex-presidente da Administração Regional de Saúde do Centro.
Eis breves notas da intervenção dos premiados: "Cada vez mais me convenço que o mais importante é a Justiça. E, também, algo que ultrapassa a humanização de cuidados: Estou a referir-me à compaixão.", disse de forma sentida João Lobo Antunes. "Pensei que o convite ao Professor Lobo Antunes e a mim próprio [para esta cerimónias solene], pensei que tivesse o simbolismo dos rostos do SNS. Nunca da homenagem", aludiu António Arnaut, no início da sua intervenção. Porém, notou, veio a surpresa da atribuição dos prémios. E dirigindo-se ao atual titular da pasta da Saúde, disse Arnaut: "Vossa Excelência tem uma missão muito importante e há uma grande expectativa das reformas para melhorar e consolidar [o sistema de saúde público], para restituir a motivação aos profissionais".
Nesta sessão – que contou também com a presença do Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, do presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, e do vice-presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Américo Figueiredo – foram também agraciados nove médicos com a Medalha grau Ouro de Serviços Distintos do Ministério da Saúde, entre os quais dois do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra: Catarina Resende de Oliveira, Diretora da Unidade de Inovação e Desenvolvimento e António Reis Marques, Diretor do Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria. As restantes medalhas de ouro foram atribuídas a: Augusto José de Quintanilha e Mendonça Mantas; Jorge Augusto Correia; José António Meneses Correia; José Luís Medina Vieira; Luís António Silva Duarte Portela; Luís Manuel Ramos Gardete Correia; Maria Teresa de Morais Martins Contreiras.
Este ano, recorde-se, o Dia Mundial da Saúde foi dedicado à diabetes. Nesta cerimónia comemorativa realizada no Palácio de S. Bento, coube ao Comissário Europeu para a Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, alertar para a necessidade da prevenção da doença. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o número de pessoas afetadas duplicou nas últimas três décadas, com mais de 420 milhões de pessoas diagnosticadas em todo o mundo. Em Portugal, 13 por cento da população é diabética.
E se António Arnaut desafiou o ministro da Saúde a fazer cumprir os princípios norteadores do Serviço Nacional de Saúde, Adalberto Campos Fernandes, por seu turno, depois de reconhecer que o SNS foi um projeto "revolucionário, humanista e verdadeiramente patriótico", asseverou: "Trinta e seis anos passados, reconhecemos que o Serviço Nacional de Saúde já não é o projeto de uma pessoa nem sequer de um partido. O SNS é um projeto coletivo, de excelência, para todos os portugueses. Mais do que nunca importa que olhemos a história do nosso País em busca de inspiração para continuar a batalhar (…) numa procura incessante pela justiça social". Declarou ainda: "Respondo ao desafio que me colocou. Eu, a minha equipa, procurararemos fazer jus à vossa herança". O ministro da Saúde anunciou também que o Presidente da República irá agraciar António Arnaut e João Lobo Antunes. com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, cuja imposição das insígnias decorrerá no próxima sessão comemorativa do 25 de abril.
Esta sessão solene contemplou também a assinatura de protocolos entre a Direção-Geral da Saúde e a Associação Industrial e Comercial do Café, Associação de Refinadores de Açucar Portugueses e a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, no sentido de contribuir para o consumo responsável e equilibrado do açucar. Foi ainda assinado o protocolo entre o Ministério da Saúde e a Fundação Calouste Gulbenkian – "Um Futuro para a Saúde".