"Saúde dos Migrantes" foi o tema da intervenção de Hernâni Caniço no Congresso Nacional dos Estudantes de Medicina (CNEM), que decorreu em Coimbra, nos dias 7 e 8 de novembro. Ao intervir em nome da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), a convite do seu presidente Carlos Cortes, o coordenador o Gabinete de Relações Externas e Sociedade Civil da SRCOM, Hernâni Caniço, também Presidente da 'Saúde em Português' (ONGD e IPSS que intervém na ajuda ao desenvolvimento e na ajuda humanitária em situação de guerra ou catástrofe, e particularmente apoia vítimas de tráfico de seres humanos) destacou o facto da Ordem dos Médicos (OM) apoiar a integração dos refugiados em Portugal nesta ação humanitária- conforme já foi expresso pelo Bastonário da OM – em articulação com a plataforma "Apoio Médico aos Refugiados", com o Estado e a sociedade civil. Antes mesmo de aprofundar o tema da sua palestra, Hernâni Caniço sublinhou a pertinência do lema deste congresso – "Medicina é mais que ciência": "Lema do CNEM que saudamos, que subscrevemos (pré e pós 25 de Abril), interpretamos e aplicamos, seja na lecionação, na relação médico/doente ou na intervenção profissional".
Já centrado no tema da sua intervenção, Hernâni Caniço contextualizou o fenómeno migratório que está na ordem do dia: "No final da II Guerra Mundial, recorde-se, foram os europeus que aportaram às costas de África, hoje são os europeus que apoiam os refugiados que pretendem entrar na Europa. A Europa enfrenta na atualidade a pior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. Todos os dias, milhares de pessoas tentam entrar na Europa, sendo que, a grande maioria foge aos conflitos na Síria, no Afeganistão e no Iraque (90% chegaram à Grécia este ano de 2015, de acordo com o UNHCR). A Organização Internacional das Migrações estima que diariamente 1.500 e 2.000 pessoas cruzam as fronteiras da Macedónia e da Sérvia". Acrescentou: "Os obstáculos que os refugiados têm de ultrapassar nesta travessia em busca de um abrigo seguro, longe do seu país de origem, são desumanos. Sujeitos à violência por parte das autoridades nas zonas fronteiriças e forçados a permanecerem em campos sem condições e a caminhar longas distâncias sob calor escaldante, os refugiados continuam viagem em busca de um país que esteja disposto acolhê-los. Estas pessoas encontram-se também especialmente vulneráveis perante as redes de tráfico de Seres Humanos, que se aproveitam da falta de controlo policial e do desespero alheio para ludibriar e proceder a todos os tipos de exploração associados a este crime. Acreditamos que a União Europeia deverá implementar políticas de resposta à crescente crise, que reflitam maior solidariedade para com os requerentes de asilo. Entendemos que deve ser revisto o sistema de concessão de asilo na Europa, que os muros construídos devem ser derrubados e que se deve atuar em consonância com os princípios fundamentais da União Europeia".
Hernâni Caniço deu ainda ênfase a uma nova atitude de governança: "No momento em que as Nações Unidas, na sua Assembleia Geral de 25 a 27 de Setembro corrente definiu os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2015 / 2020, em substituições dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) 2015, importa que essa visão estratégica seja assumida pelos líderes governamentais como uma nova oportunidade de melhoria das condições de vida dos Países em Desenvolvimento, com a participação da União Europeia e, consequentemente, da própria União Europeia e do mundo global. A sociedade civil, através da Organizações profissionais (Vide FoRCOP que integra 12 Ordens Profissionais e que está a organizar o Fórum para o Desenvolvimento – o mundo do progresso em 4 e 5 de Dezembro), das ONGD, das IPSS, tem um papel central neste apoio e na 'advocacy', ou seja em influenciar as políticas públicas de apoio aos refugiados". Asseverou Hernâni Caniço: "Estamos disponíveis para acolher refugiados e promover a dignidade humana, em parceria com instituições oficiais e defensoras dos direitos humanos e respostas adequadas. Sensibilizar a população para o acolhimento, mobilizar voluntariado para causas da vida, prestar cuidados de saúde integrados no Serviço Nacional de Saúde a que têm direito, é ser humano".
Congresso Nacional dos Estudantes de Medicina: “Estamos disponíveis para acolher refugiados e promover a dignidade humana”, assevera Hernâni Caniço
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