Coimbra: Comemorações dos 36 anos do SNS Debate

Coimbra: Comemorações dos 36 anos do SNS Debate

No dia em que se assinalaram os 36 anos da criação do Serviço Nacional de Saúde, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos promoveu o debate alusivo a tão marcante data. O Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, o ex-ministro da Saúde, Paulo Mendo, o administrador hospitalar Adalberto Campos Fernandes (PS), o deputado Ricardo Baptista Leite (PSD) – com moderação do presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes – analisaram o sistema de saúde público português, daí resultando, pois, visões diferentes sobre o Serviço Nacional de Saúde.
No auditório do ISCAC- Coimbra Business School, Carlos Cortes, o anfitrião, começou desde logo por refletir sobre o simbolismo da rega da oliveira do SNS, plantada no Parque Verde do Mondego. "É símbolo de energia, de força", diz, "surge da ideia de marcar o Dia do SNS, pelo Dr. António Arnaut e pela Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar de Coimbra (conhecido por Hospital dos Covões)". É este simbolismo que inicia o debate. "O SNS criado pela Lei 65/79, sofreu grandes dificuldades. Há quem dia que o SNS está a atravessar dificuldades profundas. Há que considere que ele terá dificuldade em resistir, por outro lado, ouvimos discursos que dizem o contrário, há quem diga que está melhor do que nunca".
"Qual será amanhã o papel do SNS na nossa sociedade?", questiona Carlos Cortes.
É este legado estava a contar deixar ao país?, pergunta o presidente da SRCOM diretamente ao antigo ministro da Saúde Paulo Mendo. "Eu sou militante do SNS", responde o antigo governante e médico inscrito na Ordem dos Médicos desde 1959. E com a sua vasta experiência, Paulo Mendo assume: "Nos anos 60 [do século passado], a situação do país, em termos de saúde, era muito mais próxima da realidade de um país de terceiro mundo", realçando, na sua intervenção, as marcas identitárias do SNS como instrumento do progresso do nosso país.
"É preciso recuperar a ideia de que a qualidade do sistema de saúde e do SNS será conseguida, se não tivermos o receio de apostar, com muita força e vigor, em reformar", considerou o socialista e administrador hospitalar Adalberto Campos Fernandes. Em seu entender, "a salvação económica do SNS ainda não está feita". E criticou a ausência de um plano estratégico político para a saúde. "Estamos a aproximar-nos de um SNS que nalguns aspetos é um serviço de garantias mínimas, com componente privada direta da despesa das famílias que é a quarta maior dos países da OCDE".
Ao integrar também este painel de debate, o deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite (que integrou a Comissão de Saúde nesta mais recente legislatura), não deixou de apontar o facto de existir "desmotivação e desgaste dos profissionais" mas, ao fazer o balanço entre o final deste mandato governamental e o anterior em 2011, realçou o facto de há quatro anos existirem quase 2,1 milhões de utentes do SNS sem médico de família comparativamente com os 770 mil pessoas que ainda não têm médico de família. "Há sempre margem para fazer mais" reconheceu.
Para o Bastonário da Ordem dos Médicos, o SNS está agora pior. Ao destacar algumas lacunas do sistema, José Manuel Silva realçou o facto de a OM "apresentar propostas alternativas por cada crítica e reivindicação que faz".

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