Noite memorável! A celebração do Dia do Médico, que decorreu na Sala Miguel Torga da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, juntou os médicos homenageados pelos 50 e 25 anos de inscrição na Ordem dos Médicos.
O anfitrião, Carlos Cortes, destacou aqueles que, com "empenho e esforço", construíram o Serviço Nacional de Saúde, extraordinária e incomensurável herança que urge defender. O presidente da SRCOM fez um apelo à união em nome da humanização da Medicina. "Somos a última barreira na humanização da Saúde", disse.
Eis a intervenção de Carlos Cortes com mais detalhe: "Sinto grande orgulho em estar aqui convosco, orgulho porque me transmitem todos os vossos anos de experiência. Tenho imenso respeito pelo vosso trabalho, construíram algo muito importante para Portugal, para a sociedade, para os doentes: o Serviço Nacional de Saúde foi feito à custa do vosso esforço e empenho e eu tenho de estar agradecido. Foram anos difíceis, eu sei. Hoje á tarde, estive com estudantes na faculdade de medicina, agora estou convosco. Este é uma diferença de gerações. É muito diferente o que os estudantes vão conhecer nos próximos anos. Fomos, esta tarde, inaugurar uma sala de estudo que funciona 24 horas, no antigo bar da faculdade no Pólo I. Senti-me emocionado porque fui impulsionador no Núcleo de Estudantes de Medicina. Hoje à noite, sinto-me emocionado perante vós pelo legado que nos transmitiram. Hoje é o Dia do Médico, mas mais do que um dia para festejar o médico é um dia que celebra os valores intrínsecos à nossa profissão". E é neste momento que Carlos Cortes enfatiza: "Celebramos os valores da ética, da deontologia, da relação do Médico com o doente. Todos estes valores, vocês, defenderam muito bem. A transmissão do conhecimento, de geração em geração, é a história milenar da Medicina. Transmitir conhecimento e transmitir os valores. Mas ser médico hoje não é a mesma coisa de há décadas. Hoje encontramos outras dificuldades e estes valores estão a ser postos em causa. Existem entraves e até ataques a esses valores e esta ligação importantíssima entre o médico e o seu doente. A classe médica vai ter de se debruçar, com muita profundidade, sobre o papel que nos é reservado na sociedade. Há pressões dos nossos dirigentes para atenuarem este nosso papel mas somos a última barreira para manter a humanização da Medicina. A nossa entrega ao doente é permanente". Para Carlos Cortes este "serão de alegria e de festa" merece ficar perpetuada na memória dos homenageados.
A cerimónia de homenagem contou ainda com a intervenção do vice-presidente administrativo do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra, Miguel Martins. O aluno do 5º ano de Medicina acentuou, aliás, o "profundo respeito" pelos médicos presentes nesta cerimónia que "construíram uma Saúde de excelência". Perante uma sala lotada, Miguel Martins disse: "Quero agradecer a todos os homenageados, pois só graças a eles estou aqui e só graças a eles cumpro um sonho de ser médico".
Nesta noite especial, o Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, João Patrício, debruçou-se sobre o tema "Remédios de ontem – Ex-votos / Antropologia da Doença". Personalidade de enorme prestígio clínico e académico, João Patrício, recorde-se, foi o mentor do Laboratório de Investigação Experimental dos Hospitais da Universidade de Coimbra, o que seria a génese de uma Escola Universitária de Cirurgia. Logo a seguir a esta intervenção, decorreu de forma festiva a entrega das medalhas evocativas dos 50 e 25 anos de inscrição na OM e o descerramento das placas alusivas a esta data. Com apresentação de Inês Mesquita, membro do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, a cerimónia teve início com uma atuação do Coro da Ordem dos Médicos e culminou com o grupo "Quatro e Meia". Momentos de exceção!