Desmantelamento da consulta de Hematologia e o consequente armazenamento de novos pedidos de consulta para doentes portadores de patologias, algumas das quais do foro oncológico, durante quase um ano; escalas do Serviço de Urgência (SU) da responsabilidade, parcial, de empresas de recrutamento de médicos com médicos em formação a serem escalados, algumas vezes, em lugares que deveriam ser de médicos especialistas; desmantelamento da consulta de Diabetologia da Medicina Interna o que tem provocado atrasos de meses na marcação de consultas, com óbvio prejuízo para os doentes; desmantelamento do serviço de Cirurgia do Ambulatório do Hospital de Estarreja e inadequação das necessidades em materiais dessa mesma consulta no Hospital de Águeda e perda de idoneidades formativas nos serviços de Oncologia e Endocrinologia.
Foram estes alguns dos graves problemas elencados, no dia 12 de Junho, pelo Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos na primeira de muitas conferências de imprensa, que terão lugar, semanalmente, nas diversas Secções Regionais da Ordem dos Médicos, e que visam denunciar as deficiências dos serviços de saúde do país.
Sobre os problemas detetados no CHBV realizaram-se, em Aveiro, duas Reuniões Gerais de Médicos, nos passados meses de Abril e Maio, nas quais se concluiu que “a atual gestão do CHBV está a prejudicar gravemente a organização dos cuidados de saúde” prestados nos hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja, podendo colocar em causa “o atendimento e o correto tratamento dos doentes”. Também “a formação médica tem vindo a perder qualidade correndo o risco de vir a perder a maioria das suas valências nessa área”, assegurou aos jornalistas, o Dr. Carlos Cortes.
Para além dos problemas anteriormente referidos, os médicos do CHBV têm também “relatado uma notória falta de diálogo do Conselho de Administração com atitudes persecutórias como exonerações de responsáveis de serviços ou unidades pela intranet e deslocações incompreensíveis de profissionais entre unidades hospitalares”.
A realização destas conferências de imprensa foi uma das medidas resultantes do Memorando de Exigências apresentado pela Ordem dos Médicos na primeira semana de Junho. A OM decidiu tornar públicas as denúncias de insuficiências e deficiências assinaladas nas unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde e que, por várias vezes, já foram reportadas às entidades competentes. Assim, os representantes dos médicos pretendem fazer “ eco dos vários problemas detetados pelos profissionais de saúde no seu local de trabalho” apelando ao Ministério da Saúde, à Administração Regional de Saúde do Centro e à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde para averiguarem e resolverem “essas graves situações”.