Crise na Saúde | Médicos internos de Ginecologia/Obstetrícia reuniram com a Ordem dos Médicos

Crise na Saúde | Médicos internos de Ginecologia/Obstetrícia reuniram com a Ordem dos Médicos

São já 110 assinaturas de médicos num documento que descreve as condições da prestação de cuidados de saúde enquanto cumprem o seu internato especializado de Ginecologia e Obstetrícia no País. À denúncia das condições de trabalho junta-se a decisão de não fazer mais horas extraordinárias no serviço de urgência, para além das 150 horas, seguindo as normas do Internato Médico. Alguns, estão já a enviar a ‘declaração de responsabilidade’ sempre que não estejam reunidas as condições na Urgência. Criticam a baixa remuneração, as escalas depauperadas, os problemas na formação dada a sobrecarga na Urgência. É neste contexto que a Ordem dos Médicos decidiu ouvir de viva voz um grupo de representes dos médicos internos de Ginecologia / Obstetrícia, numa reunião que juntou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, o presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, e o Coordenador Nacional do Conselho Nacional do Médico Interno, Carlos Mendonça, com um grupo de representantes destes médicos internos que, já no dia 2 de agosto, enviaram uma carta à ministra da Saúde a denunciar as condições de trabalho sem que até ao momento tenham tido qualquer resposta da tutela. Carta cujo teor foi difundido pelo Sindicato Independente dos Médicos. Aliás, Roque da Cunha, dirigente do SIM, esteve por videoconferência no início desta reunião que decorreu na Ordem dos Médicos em Lisboa.

Neste encontro (em formato presencial e online) foram abordados os principais problemas que esta especialidade enfrenta, desde a falta de condições de trabalho, a dificuldade em preencher as escalas de urgência, os problemas formativos, o êxodo do Serviço Nacional de Saúde, entre outros. O Bastonário agradeceu a atitude destes jovens médicos e enfatizou a necessidade de um novo modelo de gestão hospitalar para o Serviço Nacional de Saúde. Também Carlos Cortes destacou a atitude destes jovens, dizendo que “sente orgulho do que estão a fazer, que é mesmo muito importante porque auxilia a intervenção de todas as organizações médicas” em torno deste problema. “Este documento significa, antes de mais, que são os médicos que falam pela sua própria voz”. Mais: “Esta é uma atitude de grande civismo porque não se preocuparam apenas com a vossa situação pessoal, mas com as condições assistenciais e a exigência de formação médica”.

No final da reunião e em declarações aos jornalistas, o bastonário da Ordem dos Médicos afirmou antever muitas dificuldades no funcionamento de urgências hospitalares durante o mês de setembro, afirmando que as perspetivas são preocupantes no atendimento aos doentes. “Temo que, pelo facto de o Ministério da Saúde ainda não ter de tomar decisões importantes nesta área, que setembro possa ser pior do que agosto”, alertou. Miguel Guimarães criticou ainda o facto do Ministério da Saúde não ter tido disponibilidade, até ao momento, para receber representantes destes médicos internos de Ginecologia/Obstetrícia que já se recusaram a realizar mais horas extraordinárias nas urgências. Este assunto vai continuar, pois, a merecer a atenção da Ordem dos Médicos dada as extremas dificuldades reportadas.

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