Urgência dos HUC: Medicina Interna próximo da falência assistencial

 

Vinte médicos especialistas em Medicina Interna enviaram declaração de responsabilidade à Ordem dos Médicos face à escassez das equipas nas urgências dos HUC. Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos alerta para a gravidade da situação

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) alerta para a situação "incomportável" e "de extrema gravidade" no serviço de urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), uma das maiores do País, um dos polos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), face às dificuldades em cumprir a escala de Medicina Interna.

Para este serviço de Urgência, as recomendações técnicas da Ordem dos Médicos estipulam uma escala diária com um mínimo de cinco especialistas em Medicina Interna. Atualmente, e ao arrepio dessa recomendação, apenas estão três médicos internistas. Para piorar a situação, a partir do dia 14 deste mês, numa das épocas mais críticas de afluência ao serviço de urgência, a equipa ficará reduzida para dois médicos internistas.

A Ordem dos Médicos está a receber, desde o início da semana, declarações de responsabilidade dos médicos da urgência devido a esta inédita carência de recursos humanos e que terá um impacto negativo direto na assistência aos doentes.

"O excesso de trabalho, neste mês em que a afluência ultrapassa em muito a média diária anual, poderá conduzir à exaustão das equipas e à falência assistencial. A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos lamenta que a política de contratação de recursos humanos médicos para os HUC seja um absoluto desastre, agravada pela péssima planificação de recursos humanos levada a cabo pelo Ministério da Saúde. Não é só a capacidade de atendimento que está em causa, mas, também, o evidente risco clínico que poderá advir sobre os doentes", alerta o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.

O grupo de médicos alerta que as equipas escaladas para a urgência "não cumprem os mínimos recomendados pelo Colégio de Especialidade de Medicina Interna" e explica em detalhe as condições em prestam cuidados de saúde: isto é, "para os 465 doentes/dia, atendidos em média na urgência polivalente dos HUC, a equipa deveria ser composta "no mínimo e em simultâneo, por cinco especialistas de Medicina Interna e 10 outros médicos com autonomia clínica, no período de maior afluência".

 

Coimbra, 4 de dezembro 2019 

 

 

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