Ordem dos Médicos do Centro denuncia: “O Ministério da Saúde não pode apostar em anestesistas à hora”

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos repudia, de forma categórica, a atual gestão de recursos humanos protagonizada pelo atual Ministério da Saúde, em face da carência de médicos especialistas em Anestesiologia. Em causa está o recente Despacho nº 8896-A/2016 que prevê a contratação para serviços e estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde com comprovada carência de pessoal médico, por área de especialização.

"Estranha-se, pois, que ao mesmo tempo que se atribui zero vagas para anestesistas para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra esteja a decorrer um processo para contratação de especialistas em Anestesiologia através de subcontratação por empresas", alerta o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

"É querer destruir as carreiras médicas, com inequívoco prejuízo para a formação médica, negando a contratação direta e privilegiando o negócio das empresas de subcontratação de médicos que já provaram não serem qualquer mais-valia nem em qualidade nem do ponto de vista financeiro", condena Carlos Cortes.

Se atentarmos no último Censos de Anestesiologia (publicado pelo Colégio de Anestesiologia da Ordem dos Médicos, em Março 2015), a situação é crítica na região Centro: De acordo com o documento, faltam 86 anestesistas na área da Administração Regional de Saúde do Centro, 33 dos quais no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). "Não se entende a ausência de abertura de vagas desta especialidade no CHUC tendo em conta o despacho que prevê um regime especial de admissão de pessoal médico", acrescenta.

A Ordem dos Médicos do Centro manifesta, desde já, total discordância caso se venham a contratar empresas de recrutamento médico para suprir a carência de médicos nesta área. "Ainda recentemente, quatro jovens especialistas terminaram o exame de especialidade no CHUC. Simultaneamente, não foram consideradas vagas no CHUC, apesar da manifesta carência de médicos nesta área".

Denuncia Carlos Cortes: "O Ministério da Saúde não pode apostar em anestesistas à hora. A Administração Central do Sistema de Saúde tem de atuar rapidamente para que se possa dar a melhor resposta aos cuidados anestésicos". Mais: "Caso se confirme o recurso a empresas de trabalho temporário, para fazer face às necessidades urgentes de anestesistas no CHUC, estaremos perante uma gestão que entra em conflito com os princípios basilares do Serviço Nacional de Saúde".

Coimbra, 19 de julho 2016

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