Ordem dos Médicos do Centro condena política de cortes severos na Saúde

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) critica a contínua degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), as dificuldades de acesso dos doentes aos cuidados de saúde e o desprezo pela formação médica de qualidade. A pedido da Ordem dos Médicos, o estudo realizado pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) conclui que as medidas implementadas desde 2011 – com a intervenção da Troika – tiveram um forte impacto negativo no sistema de saúde:

– 54.5 por cento dos médicos de família dizem que há faltas recorrentes de material;
– 22.7 por cento dos oncologistas admitem pressão para gastar menos com os doentes;
– 52.5 por cento dos urologistas e 46, 5 por cento dos oncologistas assumem que há recusa nos tratamentos inovadores;
– 58 por cento dos médicos inquiridos (3442) dizem que os doentes têm faltado mais às consultas ou manifestado impossibilidade de ir às consultas;

– 73. 6 por cento dos médicos reconhece não ter tempo para ensinar os médicos em formação, devido, entre outros fatores, ao número excessivo de doentes, disfunção dos sistemas informáticos, desorganização e elevada burocratização do sistema;

(Dados do Estudo Sistema de Saúde Português no Tempo da Troika: A experiênca dos Médicos (ISCTE-IUL).

"O Ministério da Saúde tem sido o fator mais nocivo para a qualidade dos serviços e essa realidade está a ter um impacto negativo na saúde dos doentes e na própria saúde dos médicos que trabalham no SNS" alerta Carlos Cortes. "A realidade traçada pelo Ministério da Saúde é diferente dos estudos independentes elaborados com dados que não são fornecidos pela tutela do SNS. Nas visitas que temos efetuado aos centros de saúde e unidades hospitalares comprovamos este cenário que nos é reportado por médicos e doentes", acentua o presidente da Secção Regional do Centro.

A pedido da Ordem dos Médicos, o estudo realizado pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) conclui que as medidas implementadas desde 2011 – com a intervenção da Troika – tiveram um forte impacto negativo no sistema de saúde. Este estudo, coordenado pelo professor e investigador Tiago Correia, "comprova a degradação acelerada do SNS", diz Carlos Cortes.
O presidente da SRCOM critica ainda o desprezo pela formação médica de qualidade e a má gestão dos recursos humanos por parte do Ministério da Saúde. "Hoje, em Portugal, é mais difícil formar especialistas. O Ministério da Saúde desprezou a qualidade da formação médica. Tudo piorou em quatro anos".

Coimbra, 9 de junho 2015

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