“Ministério da Saúde está a desprezar as carreiras médicas e a dissolver o SNS”

(Coimbra, 25 de outubro) – A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos considera incompreensível e lamentável que, face à dificuldade em recursos humanos médicos no SNS, o Ministério da Saúde só tenha aberto 45 vagas para Médicos Assistentes Graduados Sénior na região Centro. “Estamos a atravessar uma fase de completo descontrolo de gestão de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O Ministério da Saúde, que se arroga ser defensor da prestação de cuidados de saúde, está a desprezar as carreiras médicas e a atratividade do SNS. O Ministério da Saúde está deliberadamente a dissolver o SNS”. As críticas, contundentes, proferidas pelo presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, surgem na sequência da publicação do Despacho n.º 10125-A/2021 que determina que a distribuição de escassas 250 vagas referentes à categoria superior de assistente graduado sénior para todos os serviços hospitalares e centros de saúde do País.

“Ao contrário do que o Ministério da Saúde está a propalar neste despacho, lamentamos que sejam abertas tão poucas vagas, numa evidente demonstração de que o Ministério da Saúde não está verdadeiramente interessado em fixar médicos no SNS, em constituir equipas médicas consolidadas e em respeitar as carreiras médicas”, critica Carlos Cortes.

O presidente da SRCOM reprova este mapa, tendo em conta as vagas disponíveis para a região.  Das 250 vagas disponíveis a nível nacional, apenas 45 são para a região Centro.

Analisando o documento publicado em Diário da República, verificam-se a abertura de vagas da seguinte forma: Anestesiologia (2); Cardiologia (1); Cirurgia Geral (1); Cirurgia Pediátrica (1); Doenças Infecciosas (1); Gastrenterologia (1); Ginecologia/obstetrícia (3); Hematologia Clínica (1); Imuno-hemoterapia (1); Medicina do trabalho (1); Medicina Geral e Familiar (10); Medicina Intensiva (1); Medicina Interna (5); Nefrologia (1); Neurologia (1); Neurorradiologia (1); Oncologia Médica (1); Ortopedia (2); Patologia Clínica (3); Pediatria (4); Psiquiatria (1); Saúde Pública (2). Acrescenta “nalguns hospitais, como é o exemplo de Castelo Branco que tem apresentado dificuldades, não há uma única vaga; no Hospital da Guarda, apenas existe uma única vaga. Quem age desta forma não está interessado em resolver os problemas do SNS, pelo contrário, está a agravá-los”.

“O Ministério da Saúde continua a desprezar o contributo dos médicos em topo da carreira que são fundamentais para a sustentabilidade de todo o sistema, em termos organizativos, pelo contributo imprescindível em termos de formação especializada”, sustenta Carlos Cortes, assumindo a perplexidade por algumas especialidades hospitalares terem sido ignoradas neste concurso. “Não há capacidade de atração para o SNS, não há equidade, não há atenção para os locais mais carenciados da região. É lamentável que o Ministério da Saúde esteja a hipotecar o futuro do SNS na região Centro”, conclui.

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