Atuação da Linha SNS 24 causa “grave sobrecarga” nas Urgências

(Coimbra, 26 outubro) – A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) considera inadmissível a forma como está a ser feita a referenciação dos doentes através da linha SNS 24 e solicita uma atuação urgente por parte do Ministério da Saúde e da Direção-Geral da Saúde (DGS) que têm mantido, até agora, uma inexplicável passividade na resolução deste problema.
A Ordem dos Médicos tem recebido numerosas queixas de médicos de toda a região Centro que alertam para o encaminhamento errado, do ponto de vista clínico, através da linha SNS 24.

Situações não urgentes ou em que nem sequer existe doença estão a ser encaminhadas quer para as urgências de adultos, para as urgências pediátricas e, até, para as unidades de cuidados de saúde primários, estando em causa a “grave sobrecarga” dos serviços.
Explicita o presidente da SRCOM: “Estão a chegar às urgências, via SNS 24, utentes sem qualquer sintoma, nalguns casos porque estiveram em contacto com pessoas suspeitas de terem COVID-19 ou porque testaram positivo o que não constitui, só por si, indicação para serem atendidos em ambiente de Urgência. Noutros casos, são doentes com sintomas ténues cuja indicação é manterem-se no seu domicílio.”
“O Ministério da Saúde está a permitir, também, que as Urgências sejam postos de colheita para testagem do SARS-CoV-2 e isso assume contornos muito perigosos já que o número de patologias graves, nomeadamente, descompensações de patologias crónicas, estão a ser cada vez mais frequentes e precisam de atendimento urgente”, alerta.

“De forma a evitar descoordenação, o Ministério da Saúde e a DGS têm de atualizar os procedimentos e garantir o acompanhamento e a melhor assistência nos serviços de urgência aos doentes com Covid-19 e com as todas as outras patologias”, exorta o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, acrescentando que “é incompreensível que esse trabalho ainda não tenha sido feito quando estamos a entrar num período muito crítico da pandemia”.
Carlos Cortes reitera a sua preocupação face aos constantes relatos que têm chegado à Ordem dos Médicos provenientes de responsáveis dos serviços e de médicos que prestam assistência nas Urgências.
“É verdadeiramente inexplicável o que se está a passar. Nesta fase – especialmente nesta fase tão complexa, e com o aumento das infeções respiratórias – a triagem e encaminhamento dos doentes não pode estar à mercê de um conjunto de regras obsoletas pois foram definidas para um cenário de saúde pública completamente diferente daquele que estamos a atravessar neste preciso momento”, diz.
Neste sentido, o presidente da SRCOM apela ao Ministério da Saúde e à Direção-Geral da Saúde que tornem públicos os protocolos e algoritmos em vigor na Linha SNS 24 (808 24 24 24), de forma a que os médicos possam dar um contributo eficaz para melhorar o encaminhamento de doentes.
“Estamos perante mais uma situação provocada pela inércia e impreparação do Ministério da Saúde. O mau encaminhamento pela linha SNS 24 tem sido um fator que tem prejudicado a adequada resposta dos serviços de urgência e, a manter-se, poderá contribuir para a incapacidade de resposta assistencial urgente dos hospitais e centros de saúde. É premente a intervenção direta do Ministério da Saúde para evitar o colapso da resposta urgente do SNS”, conclui.

 

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