O Centro Náutico de Montemor-o-Velho recebeu, no dia 5 de junho, o evento “+Idade +Movimento +Exercício Físico”, uma iniciativa que visa incentivar o envelhecimento ativo e a prevenção da dependência em pessoas idosas. A iniciativa promovida pela Unidade Local de Saúde do Baixo Mondego (ULSBM), e o apoio da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, contou com a participação de 130 pessoas com mais de 75 anos, tendo como objetivo ajudar a promover a igualdade de acesso aos cuidados de saúde.
“+Idade +Movimento +Exercício Físico” pretendeu envolver a comunidade local e alertar que a prevenção da dependência em idade avançada, chamando a atenção para a prática de exercício físico e a adoção de hábitos saudáveis, designadamente referentes à alimentação.
Toda a manhã foi dedicada ao bem-estar e à promoção da saúde através da prática de exercício físico, quer com momentos de aprendizagem sobre os benefícios do exercício físico no processo de envelhecimento, quer com quer com atividades práticas de de exercício, incluindo momentos de dança.
Tudo aconteceu com a presença das equipas de investigação do projeto, consórcio liderado pelo Centro de Investigação Biomédica Navarra biomed – Fundação Miguel Servet, o Instituto de Investigação em Saúde de Navarra (IdiSNA), Universidade de Deusto (Bizkaia, Euskadi), Centro Hospitalar Pólo Universitário de Toulouse Gériatrie (Occitânia), e Servei Andorra d’Atenció Sanitària (Andorra).
O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo, esteve presente em toda a iniciativa e, ao ser entrevistado pelo gabinete de comunicação deste consórcio, reiterou a importância destas ações “para ajudar a envelhecer bem”. Instado sobre a particularidade de juntar equipas médicas de proximidade e dos hospitais em consonância com as necessidades dos mais velhos para promover o envelhecimento ativo e saudável, o especialista de Medicina Interna e pioneiro no estudo e ensino da Geriatria em Portugal deu duas razões como justificação da mais-valia desta interação: por um lado, “com a população mais saudável e menos dependente, as instituições de saúde gastam menos recursos”; e, por outro, “as pessoas mais velhas, para terem qualidade de vida, é necessário que desenvolvam um processo de envelhecimento ativo e saudável fazendo exercício físico, cuidando da alimentação e promovam relações sociais”.
Por seu turno, Ana Raquel Santos, presidente do Conselho de Administração da ULS Baixo Mondego, afirmou que a mais premente exigência do nosso futuro mais próximo é o envelhecimento. “Só conseguimos manter o sistema de saúde se nos conseguirmos adaptar às exigências. Nós temos de ter a noção de que é completamente diferente o tipo de prestação de cuidados de saúde que temos hoje para o que iremos desenvolver no futuro, pois vivemos até mais tarde.”. Ao citar dados da Direção-Geral da Saúde, segundo os quais em 2050, 31 por cento da população portuguesa terá mais de 65 anos, Ana Raquel Santos reafirma a necessidade de acautelar as crescentes exigências dos mais idosos.
A adaptação a esta mudança, assumiu, é crucial. “Precisamos que nos ajudem a ajudar os mais idosos. Ou seja, cada um de nós tem de assumir o contributo para a melhoria do sistema. Ao longo da nossa vida, temos de adotar comportamentos que nos ajudem a chegar mais longe com mais qualidade de vida”.
Assim, esta ação realizada em Montemor-o-Velho “+Idade +Movimento +Exercício Físico” está inserida no projeto europeu PreDisc – Modelo Inovador para a Prevenção da Dependência em Idosos: do Hospital às Áreas Rurais, cujo projeto é co-financiado pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
No Centro Náutico de Montemor-o-Velho, Rosário Santos Silva explicou como a ULSBM chega a este projeto e de que modo o Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) após ter sido escolhido para integrar o PreDisc, na sequência de uma candidatura, irá desenvolver a implementação de modelos de cuidados diferentes dos tradicionais, no âmbito de um estudo multicêntrico e randomizado.
“O que se pretende é promover o envelhecimento ativo. Para tal, na nossa enfermaria de Medicina Interna, concretamente em doentes agudos, iremos desenvolver atividades num novo ginásio de modo a que estes doentes não percam autonomia funcional e cognitiva que tinham anteriormente ao internamento”.
Rosário Santos Silva, do Serviço de Medicina Interna do HDFF, assume que após a criação do novo ginásio, o estudo clínico terá início em julho de 2025 com a escolha dos 100 doentes envolvidos. “O estudo irá integrar 298 participantes a nível europeu”, acrescenta a médica internista, investigadora principal no projeto europeu PreDisc.
O ginásio criado pelo Serviço de Medicina Interna do HDFF visa prevenir a deterioração funcional e cognitiva de idosos hospitalizados.
O hospital figueirense, ao integrar este estudo internacional, enfatiza a necessidade de desenvolver o cuidado integrado dos utentes mais idosos, aliando inovação à melhor prestação de cuidados de saúde.
Portugal, acrescente-se, enfrenta um severo inverno demográfico à escala global.
Regressemos a Montemor-o-Velho: esta iniciativa intitulada “+Idade +Movimento +Exercício Físico” sublinhou, pois, o compromisso de todas as entidades envolvidas com a prevenção e promoção da saúde da população idosa, num contexto em que o envelhecimento ativo se torna cada vez mais relevante perante os desafios demográficos atuais.













