“É necessário criar unidades de geriatria nos hospitais de maior dimensão”

“É necessário criar unidades de geriatria nos hospitais de maior dimensão”

A cidade de Tomar acolheu 7ª Reunião do Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), nos dias 28 e 29 de novembro, juntando, nesta reunião científica, mais de 200 participantes, médicos internos, médicos especialistas e outros profissionais de saúde.

Na sessão de abertura, Sofia Duque, atual coordenadora da NEGERMI e que esteve na primeira reunião fundadora do núcleo realizada há 15 anos (com os Professores Manuel Teixeira Veríssimo e João Gorjão Clara), lembrou a necessidade de ter “uma abordagem multidisciplinar do idoso” e salientou os avanços nesta área “graças à formação pós-graduada”. A seu ver, no entanto, “para ser geriatra não basta ter um título, é preciso ouvir o doente, a sua rede de suporte”.

Uma das medidas inovadoras prende-se com a atribuição de duas bolsas NEGERMI – Estágios Clínicos de Geriatria que que proporciona a médicos de Medicina Interna a oportunidade de realizarem estágios em unidades de excelência na Europa. Esta iniciativa reflete o compromisso do núcleo em manter-se atualizado e promover o desenvolvimento contínuo na área da Geriatria. As bolsas foram atribuídas a Guilherme Jesus – ULS Cova da Beira e Helena Hipólito Reis da ULS S. João.

Nesta sessão inaugural, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo (em representação do Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes), enfatizou a necessidade de criar unidades de geriatria nos hospitais de maior dimensão. Destacado pelos seus pares como pioneiro da geriatria em Portugal, à semelhança de outros fóruns científicos, Manuel Teixeira Veríssimo sublinhou que defende há muitos anos a existência destas unidades de modo a consolidar a necessária formação de médicos nesta área e de outros profissionais e a prestar os melhores cuidados integrados ao idoso congregando inúmeras áreas quer médicas, clínicas e sociais. “Esta é a minha visão, ninguém pára a Ciência”, assumiu, acrescentando ainda o total empenho da Ordem dos Médicos no desenvolvimento de aprofundamento desta área.

Logo a seguir à sessão inaugural, onde também participou Diana Fernandes em representação da SPMI, decorreu o debate moderado pela jornalista Cátia Jorge, do Raio X, com o tema “Geriatria em Portugal: Onde estamos e para onde queremos ir?” com a participação de Manuel Teixeira Veríssimo, Sofia Duque, Lia Fernandes (presidente do Colégio da Competência em Geriatria da Ordem dos Médicos). 

Perante uma sala lotada com centenas de profissionais, o presidente da SRCOM destacou: “É importante que os cuidados de saúde sejam adaptados para cada pessoa e, nós, na Geriatria, não temos essa resposta porque não há uma formação de base para todos. Deveria existir ensino obrigatório em geriatria e também não temos unidades para fazer estágios”. Na sua intervenção, lembrou ainda a abrupta discrepância entre a capacidade de assistência especializada aos idosos em Portugal e aquela que é desenvolvida em Espanha, por exemplo. Para o Professor de Geriatria e membro da linha Ageing do “Coimbra Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR)” da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, não se deve esmorecer sobre o futuro: “Estamos muito atrasados, mas temos esperança. Algum dia, lá chegaremos”, disse.

Recorde-se que esta reunião debate temas muito diversificados, desde a inteligência artificial na geriatria, estratégias para a prevenção de quedas no idoso frágil, doença renal crónica no idoso, identificar para intervir no estado nutricional do idoso, as infeções, etc.

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Ordem dos Médicos