Coimbra acolheu as comemorações do 45º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com uma cerimónia organizada pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos e pela Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, juntando, como parceiros, a Universidade de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra, a Unidade Local de Saúde de Coimbra, o IPO de Coimbra e a Orquestra Clássica do Centro.
Para o presidente da SRCOM, é fundamental a “reorganização e fortalecimento” do Serviço Nacional de Saúde para que continue a ser “um pilar fundamental na promoção da equidade e no acesso universal aos cuidados de saúde”. Manuel Teixeira Veríssimo, na sua intervenção desta cerimónia que decorreu no Pavilhão Centro de Portugal, afirmou que “mesmo hoje, com os problemas que lhe conhecemos, continua a ser uma peça insubstituível na segurança e no bem-estar da população portuguesa”. A seu ver, “nesta efeméride, devem ser lembrados e enaltecidos os milhares de médicos e de outros profissionais de saúde que, com muita dedicação e competência, fizeram do SNS um dos melhores sistemas de saúde do Mundo.”
Momentos antes, na conferência inaugural deste evento, Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde, disse que “para se ter e conseguir ter” um SNS é preciso “fazer uma escolha em três áreas fundamentais” no setor: “Uma mudança do tratamento para a prevenção, uma mudança dos hospitais para cuidados primários e comunitários e uma mudança do analógico para o digital, com foco na inovação”; “não perguntarem à Economia o que pode fazer pela Saúde”, mas antes, apelou a que “perguntem à Saúde o que pode fazer pela Economia”; “investimento para resolver as ineficiências”, seja investimento no SNS como nos seus recursos humanos. Lembrou, aliás, a propósito deste último item: “As carreiras na Saúde não são mexidas há mais de 20 anos, fui eu a última negociadora em termos globais das carreiras de todo o pessoal da Saúde”. Na sua opinião, os recursos humanos “são a prioridade”, e aconselhou a “agarrar nos trabalhos já produzidos pela estrutura das políticas públicas” que tem “um planeamento provisional muito interessante”.
A atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, defendeu também uma mudança estrutural no SNS e que, para tal, é necessário mais do que uma legislatura. “Temos de fazer uma nova mudança estrutural, criando um SNS em mudança, mantendo o substrato, os seus valores do humanismo, do personalismo e do profissionalismo”, disse. A titular da pasta da Saúde defendeu um SNS “mais eficiente, mas acima de tudo sempre mais solidário”. “E por isso acredito, firmemente, que, para mantermos e reforçarmos o SNS que todos defendemos, temos de conversar sobre a sua renovação. Uma mudança que tem de começar já, mas que, sendo honestos, é uma mudança para mais do que uma legislatura”, disse. Ana Paula Martins adiantou que se trata de uma mudança estrutural que “não é compatível com a discussão permanente da espuma dos dias e do que é pontual” e essa mudança tem de “relevar o que une” as pessoas e partidos e não o que divide.
Ora, num dia em que se assinala os 45 anos do sNS, Manuel Teixeira Veríssimo também deixou esta ideia de união, veiculada num prisma diferente e simbólico:. Afirmou: “Tal como um hino nacional evoca o espírito de união e de identidade de um povo, também um hino dedicado ao SNS deverá convocar todos os que nele trabalham e dele usufruem para uma ligação profunda, reconhecida e duradoura.”. E assim foi, este ano, a SRCOM abriu um concurso para a criação da letra do Hino comemorativo dos 45 anos do SNS, tendo sido admitidos textos inéditos, em poesia. Após a criteriosa escolha do júri, Catarina Canas é a autora da letra do hino SNS: Engenheira Química e Mestre em Escrita Criativa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Catarina Canas estudou na Escola Artística de Música do Conservatório Nacional e é vogal do Conselho Artístico da Associação Cultural Chorus Ingenium. O Hino do SNS foi apresentado publicamente, precisamente neste dia 15 de setembro, no Pavilhão Centro de Portugal, momentos antes da rega da oliveira do SNS, com uma interpretação inédita que juntou a Orquestra Clássica do Centro e os três Coros da Ordem dos Médicos (Secção Regional do Centro, Secção regional do Norte e Secção Regional do Sul). “Que este hino sirva para lembrar que o SNS representa vida, esperança, liberdade e democracia, devendo, por isso, ser constantemente regado e protegido”, sublinhou Manuel Teixeira Veríssimo.
Neste evento onde marcaram presença responsáveis nacionais e regionais de entidades ligadas à Saúde e familiares de António Arnaut, foram ainda intervenientes: Isabel Carvalho Garcia (Presidente LAHUC); António Miguel Arnaut (jurista e neto do Dr. António Arnaut), Margarida Ornelas (Presidente CA IPO Coimbra); Alexandre Lourenço (Presidente Conselho de Administração da ULS Coimbra); Alfredo Dias (Vice-Reitor UC); Carlos Cortes (Bastonário da Ordem dos Médicos); José Manuel Silva (Presidente da CMC). A cerimónia teve a apresentação das médicas Liliana Constantino e Teresa Pascoal, do gabinete consultivo de promoção de atividades da SRCOM. O cantor e compositor João Farinha foi ainda intérprete de melodias com a Orquestra Clássica do Centro.
O dia terminou com a tradicional ‘rega da Oliveira SNS’. Esta oliveira – símbolo do Serviço Nacional de Saúde – foi plantada, recorde-se, a 15 de setembro de 2009. Anualmente, este dia tem sido marcado com uma cerimónia carregada de simbolismo onde sempre marcaram presença personalidades ligadas à área da Saúde. Esta é também, uma forma de recordar António Arnaut, um dos mentores desta tradição, que em vida sempre defendeu o SNS e acarinhou através da sua permanente atividade cívica, política e literária. A partir das comemorações dos 35 anos do SNS (2014), a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos associou-se sempre a esta iniciativa.