SNS, a reflexão para o futuro | Simpósio nos dias 15, 16 e 17 no Pavilhão Centro de Portugal, Coimbra

SNS, a reflexão para o futuro | Simpósio nos dias 15, 16 e 17 no Pavilhão Centro de Portugal, Coimbra

Vulto da Medicina, da Academia e da cidade de Coimbra: Mário Luiz Mendes, será homenageado em Coimbra, no dia 15 de setembro, dia do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ele que foi o obreiro do articulado do SNS, tal como António Arnaut reconheceu.

A homenagem faz parte do programa oficial das comemorações 43 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que este ano decorrem de 15 a 17 deste mês, em formato híbrido, no Pavilhão Centro de Portugal. Segundo Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), o médico da área da ginecologia e obstetrícia, “personalidade ímpar de Coimbra”, será homenageado no primeiro dia do simpósio “As crises sociais e o impacto do SNS”, que a SRCOM organiza.  Este dia 15, Dia comemorativo do SNS, recordou Carlos Cortes, resulta “de um despacho da ministra Ana Jorge” e, desde então, há um ato simbólico protagonizado pela Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que é a rega da ‘Oliveira SNS’, plantada mesmo ao lado daquele pavilhão.

“Estamos a viver tempos muito difíceis e conturbados, e também de incerteza. Na saúde e em várias áreas da nossa vida, não só por força dos efeitos da pandemia, mas também no contexto internacional em que nós temos vivido. A Ordem dos Médicos –  no meio destas convulsões e na desorganização do SNS e na falta de investimento, falta de recursos humanos apropriados para poder dar as respostas adequadas, – não deixou de assinalar aquela que é o marco mais importante da nossa democracia. A SRCOM todos os anos tem marcado o dia muito importante e simbólico, da igualdade, da equidade, da solidariedade: o Dia do SNS, 15 de setembro”. Foi com estas palavras que o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, deu início à conferência de imprensa de apresentação do programa oficial do simpósio “As crises sociais e o impacto do SNS”.

“Foi em 2009 que a ministra da Saúde, Ana Jorge, decretou o Dia do SNS. A SRCOM tem estado presente na efeméride da Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra, nomeadamente a simbólica rega da oliveira que simboliza, precisamente, todos estes atributos que levaram à criação do SNS. Este ano, a SRCOM decidiu conjugar dois tempos, neste passado: falar sobre o passado, pois é importante para traçarmos as linhas de reorganização; e o presente e o dia a dia, nos hospitais e nos centros de saúde, na atitude ética do seu papel junto dos doentes”.

Carlos Cortes acentuou ainda o papel social dos médicos, desde os anos 60. “Em plena ditadura, tiveram a coragem de dizer através do ‘Relatório das Carreiras Médicas’ que era preciso assistência médica, que era preciso a assistência médica estar organizada de forma a prestar cuidados a todos, em plena Ditadura. Os médicos foram germinando a ideia de um serviço público para todos os portugueses. O Dr. António Arnaut confidenciava nos últimos anos da sua vida que quem tinha verdadeiramente construído o SNS foram os médicos. Transformaram uma ideia quase utópica numa realidade agregadora de todos os tempos. Daí a SRCOM tenha decidido homenagear o Dr. Mário Mendes, teve um papel muito importante quer no movimento nas Carreiras Médicas e quem liderou o grupo de trabalho para a criação do SNS. Homenageamos o Dr. Mário Mendes estamos a homenagear todos os médicos”. O presidente da SRCOM aludiu ainda àqueles que ergueram o Serviço Médico à Periferia.

Os médicos têm de voltar a ter este papel social para que o poder político possa encontrar as respostas certas. A Ordem dos Médicos propõe-se pois fazer uma análise, e mais do que fazer um levantamento sobre os problemas – há muito diagnosticados – queremos traçar caminhos de solução para os problemas da Saúde”, assumiu o presidente da SRCOM. “Está a acontecer um fenómeno novo, os médicos deixam a profissão médica. É preciso uma resposta célere e implementar soluções porque as doenças não esperam. Muitas áreas que têm de ter uma resposta urgente, as doenças oncológicas, as doenças crónicas, o apoio a quem está em casa e aos cuidadores informais, entre outros”.

Temos de criar “um SNS verdadeiramente universal”, tornando-o “atrativo”, para evitar a saída de profissionais para o setor privado ou para o estrangeiro, disse ainda.

Por seu turno, o presidente da Comissão Organizadora do simpósio, António Reis Marques, aludiu ao atual contexto do SNS que “nem sempre condizente com as necessidades da população”. O SNS, a seu ver, tem de “ser analisado na globalidade do sistema”. Acentuou: “Este simpósio vem repor um pouco a discussão sobre o que é necessário fazer, estamos numa altura de ter a contribuição de todos os setores. Temos de ter uma nova Era para a Saúde em Portugal”, recordando também o papel do Professor Mário Mendes.

Catarina Matias, coordenadora do Gabinete de Organização e Promoção de Atividades da SRCOM, destacou o facto deste simpósio ser aberto a toda a comunidade. “É uma oportunidade discutir este tema, em conjunto, em equipa, os profissionais de saúde e a sociedade civil. Convidamos todos a participar. É gratuito e deve ser preenchido o formulário. Este programa é para todos. Tentámos focar todas as áreas e de todos os intervenientes, abordando o passado, o presente e o futuro do SNS. Temos de honrar sempre o passado. Abordamos temas sobre a organização, a investigação na área da Saúde (muitas vezes o parente pobre). Nasci no ano em que o SNS nasceu, aprendi que é um tesouro. Uma preciosidade inegável e qye apesar de todas as dificuldades, devemos responder à chamada e esta é um das chamadas possíveis”.

Atente-se, agora, aos destaques do programa.

A sessão de abertura, marcada para as 15h30 do dia 15 de setembro, contará com as intervenções de Carlos Cortes (presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos), Miguel Guimarães (Bastonário da Ordem dos Médicos), António Reis Marques (Presidente da Comissão Organizadora do simpósio), José Manuel Silva (Presidente da Câmara Municipal de Coimbra) e Rosa Reis Marques (Presidente do Conselho Diretivo da ARS Centro). 

Numa perspetiva de enquadramento das reformas possíveis, serão discutidas as possíveis linhas de futuro. Assim, no dia 15 (quinta-feira), Maria Belém (ex-ministra da Saúde e da Igualdade) irá proferir uma conferência sobre o impacto das crises sociais nas estruturas da saúde. 

A seguir – e antes da tradicional “Rega da Oliveira SNS” – decorrerá um painel sobre as vicissitudes que atingiram o SNS desde a sua fundação, sendo oradores Júlio Reis (Ex-presidente da ARS Centro) e João Vasco Ribeiro (Presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra). O programa deste dia – para médicos e profissionais de saúde bem como população em geral – integra ainda uma relevante homenagem ao Dr. Mário Mendes, como um dos fundadores e percursores do SNS, na qual se destaca a intervenção da professora Inácia Rezola. Doutorada em História, na especialidade de História Institucional e Política Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, comissária executiva das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, Inácia Rezola tem vindo a estudar este período da História em que teve o Professor Mário Mendes como figura de relevo. O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, estará presente na sessão de homenagem ao Professor Mário Mendes.

dia 16 (sexta-feira) será palco de uma mesa-redonda intitulada “Que mudanças para a reforma do SNS”, com a intervenção de alguns dos mais interessantes autores de artigos sobre esta matéria: José Lopes Martins (Administrador Hospitalar), Tiago Santos (Membro da Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental) e João Nunes, um jovem clínico sobre as expectativas perante o futuro. O programa desta tarde termina com o painel sobre as alterações emocionais e físicas decorrentes das perturbações sociais tendo como participantes João Paulo Almeida e Sousa (Coordenador Medicina Intensiva ARS Centro), João Redondo (Coordenador do Programa de Saúde Mental ARS Centro) e Gonçalo Órfão (Coordenador Nacional da Emergência da Cruz Vermelha Portuguesa).  

No terceiro e último dia (17 de setembro), o programa é dedicado ao Futuro da Medicina e a novas patologias, com a intervenção de José Manuel Pego, e “Os Avanços Científicos e a promoção da Saúde” tema que será abordado por Tiago Reis Marques. Sobre os aspetos do “sofrimento mental e as incertezas da vida moderna” irá intervir Rui Mota Cardoso (Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto). Por fim, Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, falará sobre “Reflexões sobre os últimos acontecimentos em tempos de crise e o papel social do médico”. 

Pretende-se promover uma discussão aberta e participativa, na abordagem dos caminhos a seguir. Inscreva-se aqui!

Fotos © SRCOM/Paula Carmo: (Da esquerda para a direita) Catarina Matias, Carlos Cortes e Reis Marques na apresentação do simpósio

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