No arranque das comemorações dos 25 anos do ensino da especialidade de Medicina Geral e Familiar (MGF) na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, destacou o trabalho louvável e a exigência praticada na formação de especialistas em MGF. "Esta exigência e excelência satisfaz a Ordem dos Médicos mas também deve satisfazer os doentes. Os médicos desta especialidade não se destacam apenas pela qualidade da formação, também participam em novos modelos organizacionais, envolvem-se no aprofundamento das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, das Unidades de Saúde Familiar. A Medicina Geral e Familiar fez subir o patamar da qualidade da Medicina praticada em Portugal", assevera.
Porém, ao intervir na conferência de imprensa de apresentação das comemorações dos 25 anos do ensino desta especialidade em Coimbra, que decorreu no Centro de Saúde Norton de Matos, Carlos Cortes assinalou "o absoluto contraste" desta excelência e as "enormes dificuldades no terreno". Na sequência de inúmeras visitas já efetuadas pelo presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes assinalou: "Tenho verificado a falta gritante de recursos humanos, a falta de medicamentos básicos.", entre outros. Ainda assim, Carlos Cortes quis partilhar palavras de esperança e felicitar os médicos de família pela "dedicação permanente". "A Ordem dos Médicos associa-se a estas comemorações porque elas são organizadas também ao serviço dos doentes", disse.
Nesta ocasião, José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos e regente da Unidade Curricular de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, reconheceu, contudo, que "ainda há portugueses sem médico de família" ao mesmo tempo que se está a "formar especialistas que são o dobro daqueles que se vão reformar". "Se não emigrassem tantos médicos, provavelmente, todos os portugueses teriam médico de família", diz o professor José Manuel Silva.
O médico Hernâni Caniço, por seu turno, fez o resumo da Unidade Curricular da MGF iniciada há 25 anos na Universidade de Coimbra e explicou a génese da mesma através de um protocolo do Ministério da Saúde e o Ministério da Educação. "Na altura, havia menos de dez alunos por turma, hoje temos mais de 40", alertou. "O ensino deve ser adequado à nova geração para melhor formação e melhor prestação de cuidados, uma investigação mais profunda e ter os reflexos deste ensino na formação específica e complementar. Aguardamos que a Faculdade de Medicina nos aprove a designação de clínica universitária. A nossa missão é, por um lado, ensinar a ciência e, por outro, prestar cuidados de saúde", assumiu.
Conceição Milheiro, coordenadora do centro de saúde, apresentou o programa das comemorações de 25 anos do ensino de MGF e destacou o facto do Centro de Saúde Norton Matos ser um centro de saúde-escola, com "magnífica interligação com todas as áreas, designadamente nas áreas da Medicina, Nutrição, Fisioterapia, Enfermagem". Quanto ao programa, Conceição Milheiro anunciou: 17 de março, concerto de homenagem ao Médico de Família; 18 de abril, o IX Encontro Nacional das Escolas Médicas; 19 de maio (Dia Mundial do Médico de Família), inauguração da 'Escultura P'la Esperança', do Dr. Dimas Simas Lopes.
Também Rui Nogueira, Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, sublinhou o amplo papel da Faculdade de Medicina de Coimbra que "desde a primeira hora está envolvida no ensino da Medicina Geral e Familiar". Referindo-se aos médicos de família, acentuou Rui Nogueira: "Nós somos especialistas da pessoa, e, desde a fundação da nossa associação, que nos preocupamos com três grandes áreas: o ensino pré-graduado, o ensino pós-graduado e a formação médica contínua. Isto é, temos de continuar a aprender medicina ao longo da nossa vida".
A conferência de imprensa contou ainda com a intervenção de Paulo Moura, subdiretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que deu os parabéns aos responsáveis da Unidade Curricular de Medicina Geral e Familiar. "A Faculdade de Medicina de Coimbra sempre deu grande importância aos médicos de família, que já teve outras designações". "Sou obstetra e há 25 anos que há uma rede de cuidados em articulação com os cuidados hospitalares. As pessoas podem ter confiança nos seus médicos de família. A esmagadora maioria dos nossos alunos de Medicina vão para a especialidade de Medicina Geral e Familiar, esmagadoramente em primeira escolha.".
Nesta conferência de imprensa marcaram ainda presença representantes do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra, da Liga dos Amigos do Centro de Saúde Norton de Matos e representantes de outros grupos profissionais que integram esta unidade de saúde conimbricense.