Figueira da Foz: “No ano passado emigraram 397 médicos” alertou Carlos Cortes

Figueira da Foz: “No ano passado emigraram 397 médicos” alertou Carlos Cortes

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, na sessão de abertura da XXII Reunião do Núcleo de Medicina Interna dos Hospitais Distritais, defendeu a necessidade de abordar com especial acutilância o problema de recursos humanos da Saúde. Na sua opinião, a desadequação na prestação de cuidados de saúde à população deve-se, entre outros fatores, à "desorganização dos recursos; ao desequilíbrio entre o Litoral e o Interior, bem como o desequilíbrio entre os hospitais centrais e os hospitais distritais". A seu ver, aliás, "o problema dos recursos humanos é o grande 'cancro' do Serviço Nacional de Saúde e está a prejudicar muito os hospitais distritais".
Depois de também abordar o tema das redes de referenciação – "um dos problemas mais graves do último Ministério da Saúde que tratou este assunto com imensa inabilidade" – Carlos Cortes referiu ainda outro "assunto grave": a medicina indiferenciada. "Hoje a medicina indiferenciada não é um mito". Segundo os dados mais recentes, aludiu, "a Ordem dos Médicos enviou 1493 capacidades formativas, na sequência da avaliação de todos os hospitais e centros de saúde do país". Porém, à possibilidade de 1493 médicos escolherem a sua especialidade, há, em contraponto, 1720 candidatos. "Há mais 200 candidatos do que vagas que terão duas opções: ou serão médicos indiferenciados ou irão emigrar". Lamentou: "o ano passado, emigraram 397 médicos". Esta situação não é conjuntural, aludiu, atribuindo responsabilidades ao Ministério da Saúde e Ministério da Educação.
Nesta sessão de abertura da XXII Reunião do Núcleo de Medicina Interna dos Hospitais Distritais, que decorreu no dia 30 de outubro, na Figueira da Foz, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos recordou, logo no início da sua intervenção, a visita que efetuou ao Hospital Distrital Figueira da Foz, no dia 12 de agosto deste ano, da qual saiu "agradado" com o que viu apesar de considerar que "ainda há questões que têm de ser resolvidas" designadamente no Serviço de Urgência. Por fim, interpelou os participantes com uma nota positiva ao sublinhar "a vitalidade" que tem encontrado recentemente em todos os congressos e conferências quer pelo número record de apresentações e posters, quer de participantes. "Isso expressa uma grande vitalidade dos médicos de quererem participar em eventos científicos e não estão apenas preocupados com o seu vencimento. Querem saber mais para melhor tratar os seus doentes", disse à guisa de conclusão.
Neste evento, marcado para os dias 30 e 31 de outubro, na Figueira da Foz, participaram ainda na sessão de abertura Abílio Gonçalves, vice-presidente do Núcleo de Medicina Interna dos Hospitais Distritais; Pedro Beja Afonso, Presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital da Figueira da Foz; Manuel Teixeira Veríssimo, presidente da Sociedade Portuguesa Medicina Interna; Bento Pinto, presidente da XXII Reunião do Núcleo de Medicina Interna dos Hospitais Distritais; Amélia Pereira, diretora do Serviço de Medicina Interna Hospital Distrital da Figueira da Foz.
"Pé diabético", "Infeção do trato urinário no idoso", "Nutrição em contexto hospitalar" foram alguns dos temas deste evento que contou, entre outros, com o patrocínio científico da Ordem dos Médicos.

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