Estudo inédito em Portugal da SRCOM revela que: EXAUSTÃO AFETA 40.5% MÉDICOS NA REGIÃO CENTRO

Estudo inédito em Portugal da SRCOM revela que: EXAUSTÃO AFETA 40.5% MÉDICOS NA REGIÃO CENTRO

Um estudo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) revela que a exaustão emocional afeta 40.5% dos médicos da região Centro. Este estudo, que pretendeu apurar os níveis de exaustão, de despersonalização e de não realização profissional (as três dimensões de Burnout), e cujos resultados são agora apresentados, é um trabalho inédito em Portugal, no qual ficaram registados 2330 profissionais, o que representa 29 % do número total de inscritos na SRCOM (8042 médicos). Dos 2330 profissionais, 1577 têm as respostas validadas, o que representa 20 % do total de inscritos. Da amostra dos 1577 médicos, 63.2% (996) são mulheres e 36.8% (581) são homens. A preocupação com o bem-estar dos seus associados e dos doentes levou a SRCOM a procurar conhecer a realidade da incidência do Burnout nos médicos da Região Centro.

 

Os resultados mostram que:

· 7.4% dos inquiridos apresentam elevados níveis de Exaustão, Despersonalização e não Realização profissional) – 117 médicos

· 40.5% apresentam elevado nível de Exaustão Emocional – 639 médicos, dos quais 433 são mulheres e 206 são homens

· 17.1% apresentam elevado nível de Despersonalização – 269 médicos, dos quais 153 são mulheres e 116 são homens

· 25.4% apresentam elevado nível de não Realização Profissional – 400 médicos, dos quais 280 são mulheres e 120 são homens.

 

Os resultados revelam ainda que:

· 22.8% dos inquiridos apresentam elevadas duas das dimensões (Exaustão emocional / Despersonalização ou exaustão emocional / baixa realização);

· 44.3% dos inquiridos apresentam elevadas uma ou duas dimensões (Exaustão emocional e/ou Despersonalização).

O estudo indicou também que:

· São os médicos mais novos que mais sofrem de Burnout. Maior incidência em médicos com idades entre 26 e 35 anos;

· As mulheres estão mais exaustas e menos realizadas;

· Quem trabalha de noite apresenta maior exaustão emocional e despersonalização e menos realização profissional;

· Médicos que trabalham no Serviço Nacional de Saúde apresentam níveis superiores de exaustão emocional e níveis mais baixos de realização profissional;

· Médicos com cargos de gestão são mais realizados e estão menos exaustos;

· Médicos com filhos apresentam níveis superiores de realização profissional e menores níveis de despersonalização;

 

O resultado deste importante estudo evidencia o impacto negativo que a má organização do sistema de saúde tem tido nos seus profissionais. A pressão exercida sobre os profissionais de saúde, a falta de condições para o exercício adequado da sua atividade, a desumanização e a burocratização do sistema, bem como a falta de perspetivas profissionais levam cada vez mais profissionais à propensão para desenvolver síndrome de Burnout.

"Este é um sério aviso para o Ministério da Saúde encontrar novos modelos de organização das instituições de saúde cujos responsáveis também se devem preocupar com os seus profissionais", assume Carlos Cortes.

No entender do presidente da SRCOM, "estes resultados são fruto da evolução do sistema de saúde em Portugal que tem colocado uma pressão sobre os profissionais, sob o jugo da quantidade em detrimento da qualidade". Assinala: "os responsáveis pelo Ministério da Saúde deverão perceber que o bem-estar dos profissionais de saúde também é o bem-estar dos seus doentes".

 

Partilhe nas redes:

Ordem dos Médicos